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Opinião

Foto: Divulgação

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Muito parecido com a filosofia japonesa do Kaizen, adotada em larga escala naquele país após a Segunda Guerra Mundial, os ganhadores do Prêmio Nobel de Economia de 2025 — Joel Mokyr, Philippe Aghion e Peter Howitt — trouxeram uma lição poderosa para o ocidente no mundo dos negócios. Explico por meio de metáfora: o crescimento sustentável não nasce de uma tempestade que passa, mas de um rio que nunca deixa de correr. Em outras palavras, a inovação verdadeira não está em criar algo grandioso de vez em quando, mas em manter um fluxo constante de atitudes inovadoras todos os dias.

Para qualquer profissional, isso significa olhar para o seu negócio, e para si mesmo, como um organismo vivo, que precisa se reinventar continuamente sem perder o rumo.

A seguir, um conjunto de perguntas que deveriam ser feitas se quiser navegar nesse rio da inovação contínua: Você tem sido uma gota constante, que melhora um processo, um produto, uma relação a cada dia, ou espera por uma tempestade genial que resolva tudo de uma vez?

Aprende com os erros? No rio do progresso, cada pedra serve para redirecionar o curso, não para interrompê-lo.

As ideias fluem livremente dentro da sua organização, ou há represas invisíveis que impedem a corrente de seguir seu caminho?

Você estimula os colaboradores a pensar diferente ou apenas a fazer melhor o mesmo de sempre? O rio só encontra novos caminhos quando tem espaço para transbordar.

Se a maré virar — um concorrente mais ágil, uma nova tecnologia, uma mudança regulatória — a equipe saberia remar junto ou ficaria parada, esperando instruções?

As suas decisões de hoje estão preparando o leito do rio para o futuro, ou apenas cavando mais fundo onde a água já não corre?

Você investe em aprendizado e ciência dentro da sua empresa, ou ainda vê isso como custo? A história mostra que as civilizações — e as empresas — que sobrevivem são as que constroem conexões estratégicas.

O modelo de negócio está aberto à mudança, ou virou um castelo cercado de privilégios e monopólios? Lembre-se: todo castelo que não se renova acaba virando ruína às margens do rio do tempo.

Você tem políticas internas que amparam as pessoas durante as transições ou deixa que cada um enfrente sozinho as corredeiras da mudança? A verdadeira liderança se mede pela capacidade de conduzir o barco sem deixar ninguém para trás.

E, por fim: você é do perfil que busca o próximo relâmpago, ou aquele que aprende a ouvir o som das gotas que mantêm o rio fluindo?

Essas perguntas não são exercícios teóricos. São bússolas para quem quer construir negócios que duram. Mokyr, Aghion e Howitt nos lembram que a riqueza não está na velocidade da tempestade, mas na constância do fluxo. Empresas que se movem como rios, com direção, paciência e coragem para seguir mesmo quando o terreno muda, são as que moldam o curso da economia e deixam marcas no mapa do futuro.

No fim, a verdadeira inovação é uma atitude, é o gesto diário de quem entende que cada gota conta e que, somadas, elas movem montanhas.

*Maurício Takahashi é professor de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Alphaville.