Segundo maior rio inteiramente brasileiro, perdendo somente para o São Francisco, o Rio Tocantins nasce no estado de Goiás e, depois, passeia pelos estados do Tocantins, Pará e Maranhão, até se unir às águas do Amazonas. Em quase todo o seu leito, apresenta-se navegável e com grande potencial hidrelétrico. No entanto, o desenvolvimento desordenado, por meio de atividades industriais, agrícolas e exploração de recursos minerais, está poluindo os mananciais e prejudicando a qualidade de vida nas localidades banhadas pelo rio.
Pensando no potencial e na importância do rio Tocantins para sua população
ribeirinha, o Prof. Dr. Paulo Roberto da Silva Ribeiro, do curso de Enfermagem
da UFMA Imperatriz, se propôs a elaborar um estudo sobre a presença de metais
pesados nas águas do rio.
A pesquisa foi efetivada por meio do PIBIC - UFMA (Programa de Institucional de
Iniciação Científica) e teve o auxílio da bolsista Reginária Morais Duarte, do
curso de Engenharia de Alimentos e do IBAMA, que disponibilizou transporte e
guia.
Para análise, foi utilizado o percurso entre as cidades de Ribamar Fiquene e de
Cidelândia. Onze pontos de coletas foram catalogados e analisados nos dias 08 e
09 de abril deste ano, no período da manhã e da noite. Segundo o professor
Paulo Roberto, este período foi escolhido por ser a época de cheia do rio,
quando os poluentes estão mais diluídos.
Algumas análises foram feitas no local, tais como ph, temperatura,
condutividade elétrica e a quantidade de sólidos e oxigênios diluídos. As
outras análises foram feitas posteriormente, no laboratório da UEMA, com a
colaboração do professor Jorge Diniz de Oliveira, e no laboratório da UFMA.
Após a coleta e análise do material, ficou constatado que o ponto de maior
degradação das águas do Tocantins está na área que compreende a cidade de
Imperatriz. Os metais encontrados em maior concentração foram o ferro e o
cobre. Segundo a aluna e bolsista Reginária Morais, a concentração desses dois
metais está intimamente ligada a fatores como propriedade do solo, o esgoto
doméstico e comercial, pilhas, baterias, fertilizantes e defensivos agrícolas
e, principalmente, os efluentes de postos e oficinas mecânicas que são lançados
no leito do rio.
O professor afirma que o ser humano em contato excessivo com o cobre pode
apresentar algumas doenças, como distúrbios renais e hepáticos, e o contato com
o ferro leva ao escurecimento das roupas, entupimento das tubulações de água e,
quando acumulado no intestino, dificulta a absorção de nutrientes, além de
conferir sabor desagradável à água.
Reginária explica que o motivo principal que a levou a se interessar por esse
tema das águas do rio Tocantins foi o descaso da cidade com ele, e a sua
importância como meio de geração de renda para agricultores e pescadores. “Um
fator de preocupação maior é a questão da água que fica carregada de metais
pesados e estes, por sua vez, se acumulam nos alimentos, como as hortaliças,
que posteriormente serão consumidas na forma crua pelo homem". afirma.
A pesquisa revelou que, por causa dos altos índices de ferro e cobre, o
Tocantins está com problemas de autodepuração (capacidade de retornar às
condições ecológicas iniciais). Como o processo de renovação é lento, isto
significa que a quantidade de dejetos que o rio recebe é maior do que a
capacidade de restauração das suas águas.
Para o professor Paulo Roberto, os dados obtidos nesta pesquisa irão subsidiar os órgãos e programas de controle ambiental, que permitirão a criação de políticas públicas para melhorar a qualidade de vida daqueles que dependem direta ou indiretamente dos recursos hídricos do Tocantins.
Fonte: UFMA Notícias