Pedro Afonso é apontado como um dos municípios que mais se desenvolvem economicamente no Tocantins. Várias empresas se instalam na cidade gerando emprego e renda. Mas esse desenvolvimento não é recente, começou a ser fomentado em 1996 com a implantação do Prodecer III – Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados.
O programa negociado entre os governos do Brasil e do Japão tem como coordenador político institucional o Ministério da Agricultura, do Abastecimento e Reforma Agrária; e como coordenadora de implementação a Companhia de Promoção Agrícola – CPA (Campo), sendo financiado pelos Governos do Brasil, do Japão, por meio da JICA – Japan International Cooperation Agency, e instituições financeiras.
O Prodecer III foi concebido para o plantio de grãos, numa área de aproximadamente 40 mil hectares, principalmente focado em atender o mercado externo. O intuito foi estabelecer um sistema de produção agrícola através do desenvolvimento, aplicação e aperfeiçoamento de técnicas agrícolas compatíveis com a região. Outra meta era implementar um sistema de assentamento coletivo dirigido, tornando-se um modelo de desenvolvimento para a região do cerrado, através do desenvolvimento de tecnologias apropriadas as condições locais e seleção de culturas perenes e resistentes ao período da seca.
Foram disponibilizados 41 lotes para produtores vindos de várias partes do Brasil. Quatro deles já tinham domicílio em Pedro Afonso: Sá Filho, Euid, Sílvio Sandri e Pedro Afonso Oliveira Tavares. Eram homens e mulheres que tinham em comum a experiência na produção no campo e o desejo de prosperar na atividade agrícola.
Na dissertação “Análise dos Impactos Sociais do Programa Prodecer III – O caso de Pedro Afonso/TO”, o mestre em Ciências do Meio Ambiente Sílvio Jucá Vasconcelos diz que o Prodecer possuía um tripé de sustentação. O Banco do Brasil com a função de oferecer o apoio financeiro. A Campo com o papel de fazer os projetos, selecionar os colonos, projetar o que se plantaria, o adubo, a proteção de solo, o agente técnico; e uma cooperativa, inicialmente a Coopersan posteriormente substituída pela Coapa, com o papel de agente comercial (compra de insumos, orientações técnicas, suporte logístico) com uma estrutura cooperativista, incluindo armazém para beneficiamento e estocagem de grãos.
Queda de braços
O ex-prefeito e cooperado da Coapa José Edgar de Castro Andrade relata que o programa inicialmente seria instalado em Silvanopólis, outro município tocantinense. “Se não tivesse ocorrido a mobilização política e da sociedade, Pedro Afonso não teria sido escolhido para receber o Prodecer III”, diz emocionado. Ele lembra que os japoneses da Jica e da Embaixada do Japão no Brasil, numa comitiva que veio em oito aviões, ficaram surpresos com a recepção ao visitar o município pela primeira vez. José Edgar destaca o papel fundamental de Siqueira Campos, na época governador do Estado, e do presidente da Campo, Emiliano Botelho, para viabilizar a vinda do Prodecer III para Pedro Afonso. “O Governo do Estado foi avalista de 50% do projeto (U$ 25 milhões), sendo decisivo para sua implantação em nosso município”, revela o produtor rural. “Também foi importante Pedro Afonso ter água em abundância, terras propícias para a agricultura e excelente localização geográfica”, lembrou.
Fomentando o desenvolvimento
Atual presidente da Coapa e um dos colonos do Prodecer III, o paulista de Taubaté Ricardo Khouri, ressalta o sentimento dos produtores quando chegaram ao município. “Vínhamos focados em trabalhar, abrir lotes e começar a produzir logo”, recorda Khouri, chamando atenção para a facilidade com que os agricultores se integraram com a comunidade pedroafonsina. “As pessoas torciam para dá certo, por saberem que o projeto era uma alternativa para o desenvolvimento de Pedro Afonso e região”, diz.
Mineiro de Patos de Minas, o economista com especialização em Economia Rural Evanis Roberto Lopes, que tinha 34 anos ao se instalar no Lote 25 do Prodecer (que recebeu o nome de Fazenda São Pedro em homenagem ao padroeiro de Pedro Afonso), destaca a receptividade aos colonos. “A integração foi fácil e não aconteceram problemas como em outros municípios onde o programa foi instalado”, diz Evanis, chamando atenção para o fato do Prodecer III ser um projeto que sempre respeitou o meio ambiente. “Temos 50% de reserva legal enquanto a legislação exige 35%, sempre preservamos as nascentes, monitoramos a qualidade da água e destinamos corretamente as embalagens de agrotóxicos e insumos”, detalhou o produtor.
José Edgar chamou atenção para outro aspecto interessante: “Os produtores do Prodecer III contribuíram para o Tocantins ter a tecnologia de ponta de hoje e Pedro Afonso se tornar referência no agronegócio”.
Para Ricardo Khouri, o programa também contribuiu para melhorar o nível de renda com o surgimento de novos postos de trabalho, na qualificação da mão-de-obra local e fez com que o poder público investisse na melhoria da infra-estrutura, saúde e educação proporcionando qualidade de vida à população. “Acredito que os objetivos do Prodecer foram alcançados, principalmente no ponto de vista social e do desenvolvimento de toda uma região que agrega municípios como Tupirama e Bom Jesus do Tocantins”, concluiu Khouri.
Segundo o governador Siqueira Campos, a implantação do Prodecer III representou um grande avanço no desenvolvimento de ações que tem como finalidade o aproveitamento dos recursos naturais, crescimento da economia e da qualidade dos tocantinenses, além de prever a necessidade de agregação de valor à produção no Tocantins. “Projetos como este podem acabar com fome no nosso Estado. A capacidade de produção de alimentos é a grande riqueza de nações do mundo inteiro. O Tocantins é um estado privilegiado e nós temos o dever de transformar esse potencial em ações concretas e objetivas”, disse o governador, acrescentando que a Coapa tem papel fundamental nesse processo por incentivar a produção agropecuária. (Assessoria de Imprensa)