Nos primeiros meses de 2013, os negociadores
internacionais retomarão as conversas em busca de acordos globais sobre
mudanças climáticas que levarão a uma proposta comum a ser fechada até 2015. O
acordo refere-se à Plataforma Durban - em substituição ao segundo período do
Protocolo de Quioto -, que estabelece os compromissos dos países desenvolvidos
para a redução das emissões de gases de efeito estufa e estende as
responsabilidades às nações em desenvolvimento.
Há consenso entre os países signatários da Convenção do Clima das Nações
Unidas, que se propõem a definir os novos compromissos no prazo máximo de dois
anos. O rascunho ficará pronto até o fim de 2014.
“Podemos esperar muitos avanços em 2013. Os países acertaram várias discussões
ao longo do ano sobre os elementos desse novo acordo”, disse o secretário de
Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Carlos Klink.
Os negociadores brasileiros não escondem o otimismo em relação às novas
negociações, mesmo em meio aos resultados tímidos alcançados na última
Conferência das Mudanças Climáticas, a COP18, em Doha, no Catar, no início do
mês. Para os brasileiros, os resultados da COP18 foram aquém do esperado.
“A gente esperava mais de alguns temas, mas, pelo menos, conseguimos mantê-los
na agenda, como por exemplo a questão de financiamento novo para os esforços
dos países”, disse Klink, admitindo que alguns pontos “deixaram a desejar”.
No que se refere ao aporte de recursos para financiar medidas de adaptação,
como obras de infraestrutura para enfrentamento de enchentes e inundações, a
falta de ambição por parte dos países desenvolvidos foi justificada pela crise
mundial que afeta muitas economias. “Ainda assim, vários países europeus
mostraram boa vontade, alguns inclusive trazendo recursos novos. Não é o que
gostaríamos, mas é uma sinalização”, acrescentou Klink.
A aposta dos negociadores é que, com a divulgação dos novos relatórios
científicos do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, a
sigla em inglês) a partir do ano que vem, indicadores sobre a emergência do
problema do clima sensibilize as nações ainda resistentes. Organismos
internacionais, como o Banco Mundial, publicaram advertências ao longo do ano.
Porém, a mensagem parece não ter surtido o efeito que os cientistas esperavam produzir nos debates que asseguraram o novo período do Protocolo de Quioto, único tratado internacional para o clima. Além de metas tímidas, como apontaram observadores que acompanharam as negociações, nações que nunca ratificaram o tratado, como os Estados Unidos, mantiveram-se fora do acordo. Há poucas semanas, o governo canadense reiterou o anúncio de que não participa mais do protocolo, sob forte críticas de partidos da oposição que consideraram a decisão “uma vergonha” na história do País. (Agência Brasil)