Nenhum político nega a importância da educação, mas na prática menos da metade concluiu o ensino superior. Dos mais de 27 mil políticos brasileiros na disputa por um cargo público nessas eleições, 13 mil, ou 49,6%, têm na parede um diploma universitário. O levantamento foi feito pelo Quero Bolsa, principal plataforma de inclusão de estudantes no ensino superior brasileiro por meio de bolsas de estudo, ao apurar as informações disponíveis no Repositório de Dados Eleitorais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O estado do Tocantins tem 54,9% dos candidatos com diploma do ensino superior. De acordo com dados do TSE, dos 335 candidatos que tiveram seus registros julgados aptos pela Justiça Eleitoral, 199 têm ensino superior completo; 102 têm ensino médio completo; 31 declararam ter ensino superior incompleto; 13 possuem ensino fundamental completo; 10 não chegaram a concluir o ensino médio e 9 não terminaram o ensino fundamental.
Entre os candidatos a deputado estadual, 122 declararam ter formação superior; 72 concluíram o ensino médio; 19 iniciaram mas não concluíram um curso superior; 11 têm ensino fundamental completo e 5 não passaram dos primeiros anos do ensino fundamental na escola.
A situação de escolaridade é melhor entre os postulantes ao cargo de deputado federal, dentre os quais: 51 possuem curso superior; 25 concluíram até o ensino médio; 7 têm ensino superior incompleto; 3 ensino médio incompleto e 2 cursaram apenas o ensino fundamental.
Já entre os senadores, dos 9 candidatos a maioria (7 candidatos) possuem instrução superior: Antônio Jorge (PSL); Ataídes Oliveira (PSDB); César Halum (PRB); Farlei O Federal (PSL); Irajá Abreu (PSD); Melk Aires (PSOL); Paulo Mourão (PT).
Eduardo Gomes (SD) declarou ter ensino médio completo e Vicentinho Alves (PR) declarou possuir ensino superior incompleto.
Entre os candidatos ao governo do estado, 3 têm ensino superior: Bernadete Aparecida (PSOL); César Simoni (PSL) e Márlon Reis (REDE). Carlos Amastha (PSB) declarou ensino superior incompleto e Mauro Carlesse (PHS) informou possuir ensino médio completo.
Cenário Nacional
Em relação ao restante do país o estado do Rio de Janeiro é o que tem a menor proporção de candidatos com nível superior. Dos 3.494 políticos registrados na disputa eleitoral, 1.419 (40,6%) fizeram faculdade. Acre (42,1%) e Rondônia (43,9%), estados com uma rede de ensino superior muito menor do que a do Rio de Janeiro, aparecem na sequência.
Dos cargos em disputa, o de Deputado Estadual reúne os candidatos com menor escolaridade. Dos mais de 17 mil políticos que concorrem a cadeiras nas Assembleias Legislativas, 10,8% têm, no máximo, o ensino fundamental completo, 3% não completaram o ensino médio e 31,8% têm nível médio completo. Candidatos com ensino superior completo somam 45,3%.
Entre os candidatos a Deputado Federal há 7.986 inscritos nos tribunais eleitorais, sendo que 54,6% têm nível superior completo, 25,3% concluíram o ensino médio e 7,9% têm, no máximo, o ensino fundamental completo.
Dos candidatos ao Senado, 81,3% fizeram faculdade. Já entre os que concorrem ao governo dos estados, 87,2% têm nível superior. Os presidenciáveis são os candidatos com maior participação de formados em faculdades. São 92,3%, ou seja, dos 13 candidatos, apenas um, João Goulart Filho, do Partido Pátria Livre, informou não ter diploma de nível superior.
De acordo com Marcelo Lima, diretor de relações institucionais da plataforma Quero Bolsa, o resultado precisa ser analisado sob dois aspectos. Primeiramente, a participação de políticos com ensino superior completo é bem maior do que a média da população brasileira. Enquanto apenas 15,3% dos brasileiros com mais de 25 anos concluíram faculdade, entre os candidatos a cargos eletivos a média é mais de 3 vezes maior. “Por outro lado, nos preocupa a capacidade de entendimento dos problemas nacionais por parte destes políticos. Entender a estrutura do estado, os desafios do país e propor soluções viáveis demanda conhecimento e cultura. Candidatos pouco preparados certamente terão dificuldade em apresentar e avaliar propostas para o País. É certo que um diploma universitário não é garantia para tanto, mas é um bom indicador”, explica Lima.