Embora tenha deixado a Copa do Mundo da França com reconhecimento em alta pelos torcedores, a Seleção Brasileira de Futebol feminino foi eliminada precocemente nas oitavas de final da competição pelas donas da casa e passa por um momento de transição e renovação.
Algumas veteranas como Rosana e Franciellese aposentaram antes mesmo da Copa e outras devem seguir o mesmo caminho como a meio-campista Formiga, de 41 anos, que também já havia anunciado aposentadoria, mas voltou atrás após ser convocada para a seleção pelo técnico Vadão. Ela se tornou a primeira jogadora a participar de sete edições da Copa do Mundo.
Embora o futebol feminino tenha crescido muito nos últimos anos no mundo, no Brasil o reconhecimento das atletas brasileiras ainda é aquém do merecido. Que o digam Rosana dos Santos Augusto (36 anos) e Francielle Manoel Alberto (29 anos) que largaram os gramados, sem nenhuma grande repercussão, apesar dos currículos recheados de conquistas e de serem medalhistas olímpicas.
As atletas concederam entrevista recente ao time da Betway Esportes, onde falaram sobre mídia, treinadores, CBF, preconceito com o futebol feminino e até camisa da seleção feminina que reproduz o modelo utilizado dos homens.
Rosana, que disputou quatro olimpíadas, conquistando duas medalhas de prata, afirma que, pelo que fez “merecia um reconhecimento muito maior”. A jogadora esteve também em quatro Copas do Mundo e três Pan-Americanos.
Segundo ela, foi no Pan-Americano do Rio que viveu a maior alegria e também a maior decepção da carreira. Ela afirma que o Brasil ainda é um País machista e isto atrapalha a evolução do futebol feminino. “Aí você entra no Maracanã lotado, com 70 mil pessoas apoiando o futebol feminino... Foi muito marcante. Até hoje me arrepio. Foi um momento em que achei que o futebol feminino ia evoluir a passos largos, mas não aconteceu”, diz.
Francielle fala da questão psicológica que afeta. Segundo ela, por causa da pressão de sempre ter de procurar mais e nem sempre ter o resultado esperado. A atleta tem medalha de prata conquistada nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008.
As duas veteranas acompanharam a campanha da Seleção Brasileira na Copa da França e a eliminação para as anfitriãs nas oitavas de final. Segundo elas o momento que o futebol feminino vive é positivo com partidas transmitidas em TV aberta e grandes audiências.
Mas as veteranas também criticam. Um ponto levantado é o fato da camisa utilizada pelas mulheres serem a mesma do time masculino, com as cinco estrelas que remetem às cinco copas do mundo conquistadas pelos homens e não por elas.
“Não deve ser a mesma. Cada um com suas conquistas. Não precisa ter cinco estrelas no peito só pra falar que tem. Não são nossas!”, diz Francielle, sendo complementada por Rosana, que, otimista, afirma: “Tenho certeza que fazendo um trabalho de longo prazo, a gente também vai encher aquela camisa de estrelinhas”, conclui.