Após os proprietários de caminhões-pipas realizarem mais um protesto no último dia 20 pelo atraso no pagamento dos serviços prestados no ano passado, a Agência Tocantinense de Saneamento (ATS) instituiu duas portarias criando comissão para “apurar possível execução de prestação de serviço de coleta, transporte e distribuição de água tratada, para consumo humano, por meio de caminhão-pipa de forma individualizada, em período anterior à vigência dos contratos”, diz o documento.
A comissão é formada por 4 servidores e terá prazo de 60 dias para concluir a apuração. O prazo pode ser prorrogado por igual período. As portarias são assinadas pelo presidente da ATS, Romis Alberto da Silva.
Para os pipeiros, a criação de tal comissão é uma forma de postergar ainda mais o pagamento dos valores devidos aos caminhoneiros. Segundo Nilton Vieira, a ATS adotou essa medida após a entrega dos comprovantes e declaração das prefeituras das cidades atendidas comprovando a prestação do serviço no ano passado. “Está na cara que eles querem ganhar tempo e nos vencer no cansaço”, disse Vieira.
Segundo os motoristas, a dívida vem desde 2017. O contrato com a ATS foi celebrado para que os caminhões fizessem o abastecimento de 50 cidades naquele ano e também em 2018.
O valor do contrato foi de R$ 4 milhões, dos quais o governo pagou apenas 3 parcelas de R$ 400 mil em 2017, segundo os manifestantes. No ano passado apenas uma outra pequena parte da dívida foi paga. Atualmente o governo deve cerca de R$ 3 milhões aos pipeiros.
“Sai presidente da ATS, entra presidente, e a conversa é sempre a mesma, de que precisa analisar documentação. Cada novo presidente quer analisar documentos. Daí criam uma comissão que tem de 60 a 120 dias para analisar processos que estão prontos. É um absurdo o que estão fazendo conosco. Nossa situação não está fácil, estamos dormindo na porta da ATS sem alimentação digna, sem banheiros, e eles estão brincando com a gente”, protestou o motorista Nilton Vieira.
Os pipeiros continuam acampados na porta da ATS onde prometem ficar até ter resposta definitiva sobre o pagamento.
A ATS não se manifestou sobre o caso.