De autoria da escritora tocantinense Lita Maria, o livro “Sobre Dora e Dores” ganhará adaptação para o cinema, por meio de produção da Cena Filmes. A coletiva de imprensa e assinatura de contrato de parceria acontecerá nesta quarta-feira, 29, às 19 horas, no Fran’s Café, em Palmas.
Estão convidados toda a imprensa, produtores e produtoras do cinema tocantinense, academias de letras e amigos da autora e artistas em geral. O evento contará com apresentação musical do músico Dorivã Borges. Lita Maria conta que foi surpreendida com o convite da Cena Filmes, empresa de produção cinematográfica que foi lançada recentemente, com a produção do filme “Te aitua”. “Essa produtora audiovisual tocantinense já nasce com atitude e determinação. Pelo pouco que vi, traz exatamente a poesia e a profundidade que busco para minha obra e meus personagens”, afirma.
A artista complementou ainda que está muito feliz pela parceria com profissionais como a atriz Bell Gama, os atores Thiago Omena e Kaká Nogueira, que formam a Cena Filmes e têm larga experiência no cenário cultural tocantinense. “Me sinto muito honrada e isso demonstra uma grande e promissora valorização e reconhecimento do trabalho de mulheres que estão atuando culturalmente no Estado. Nesse caso, alinhando o audiovisual tocantinense com obra literária de escritora da Academia Palmense de Letras”, complementa.
Lançamento
O livro “Sobre Dora e Dores” foi lançado na terça-feira, 28, em Porto Nacional. “Quando li o livro fiquei maravilhado com a potência e a força da mulher, impressa não somente nas personagens e suas dores vividas na obra, mas também da força literária da própria autora, que mergulhou profundamente nas dores mais implacáveis da árida vivência do sertão e suas cores, por anos venho vivendo e criando conteúdo cultural e esse livro me acertou em cheio. Impossível não mergulhar junto", diz o ator, produtor e roteirista Kaká Nogueira.
“Lita escreve com o coração, ler sua história é navegar no oceano das emoções femininas, e assim “como não há como amar sem vulnerabilizar-se”, não poderíamos deixar de convidá-la para transformar a poética do seu livro em um roteiro preciso e precioso digno do longa metragem que a temática merece. Ficamos muito felizes em ter a confiança e o aceite da autora. Motivo de orgulho para toda a equipe de roteiristas e produtores da Cena Filmes”, declarou o ator, diretor e roteirista Thiago Omena.
“O meu mais íntimo desejo é de que esta grandiosa obra da Lita alcance os mais inimagináveis rincões e seletos olhares de quem sabe apreciar uma narrativa com riquezas machadianas. “Sobre Dora e dores” é de pura maestria, simplicidade e uma capacidade peculiar de penetrar a alma da gente e fazer o corpo estremecer. É aquela leitura imagética por sua própria natureza, ficaria uma enorme lacuna se essa história não fosse também contada por meio do cinema, felizmente será’”, declarou Bell Gama, atriz e produtora cultural.
Do livro
Romance: Sobre Dora e dores
Com uma narrativa simples, porém forte na grandeza do que ela representa, Lita Maria revela o cotidiano sofrido dos moradores do povoado de Campineira do Anu Preto. Trata-se de um lugar ficcional, onde a vida escoa lentamente no ritmo das tramas dolorosas que emolduram o cotidiano da carpideira Cota e de Dora – Dorita.
“Sobre Dora e dores” pretende desnudar a breve passagem de Dora por Campineira do Anu Preto. Para tanto, escancara um enredo de mortes prematuras, de orfandade, de abandono, de doenças conhecidas e desconhecidas naquele lugar. Traça alguns destinos dos personagens protagonistas e antagonistas que conduziram o fio do cotidiano lento e inexorável que marcou aqueles anos.
O fio condutor da trama é o olhar atento sobre as relações de confiança e desconfiança, de lealdade e deslealdade entre a mulher que chora um defunto alheio – carpideira tarimbada e a moça Dora, tecendo doces recheados de arte e beleza. Herança artesanal trazida da sua infância através do labor da sua mãe e avó.
A leitura não responde não finda. Ao contrário, deixa uma lacuna, uma falta, uma quase necessidade de emendar cruamente um fio de história à outra. Não pretende e não estrutura os fiapos de enredo que vão se mostrando a cada novo parágrafo. Com muito pesar faz um recorte. Revive-o. Quase nos obriga a palmilhar o mesmo pedaço de terra que Cota e Dora palmilharam até o encontro fatal de Dora com as suas dores.