As infâncias cercadas de natureza, saberes tradicionais e brincadeiras que atravessam gerações é o ponto de partida da série documental Criança de Raiz,com 13 episódios de 13 minutos, dirigida por Juliane Almeida e produzida pela Jubalina Produções (TO) em coprodução com a Círculo Filmes (TO) e a K.S. Cinema (CV), contando com produção associada da Sucupira Filmes (SP). Foi selecionada dentre as obras finalistas na competição oficial do comKids 2025, que é o principal festival ibero-americano dedicado aos conteúdos audiovisuais infantojuvenil.
A produção concorre na categoria "7 a 10 anos – Não Ficção", ao lado de obras do México, Chile, Argentina e Colômbia. Além de júris profissional, infantil e adolescente, haverá votação popular online durante a programação do evento.
Segundo a diretora Juliane Almeida, a participação no festival marca um importante reconhecimento à proposta da série, que aposta na escuta sensível da infância como ponto central da narrativa. “Não é uma série sobre crianças. É um projeto conduzido pelas crianças. Elas são as guias, e no percurso, nós lhes acompanhamos”, afirma.
Filmada em territórios do interior do Tocantins, Brasil, como Monte do Carmo e terras indígenas Xerente, e em comunidades de Cabo Verde, nas ilhas de Santiago e Santo Antão, a série apresenta núcleos de crianças que vivem conectadas às tradições populares, manifestações culturais e atividades comunitárias, narrando suas experiências por meio de jogos, brincadeiras, celebrações e rituais cotidianos.
“Nossa intenção não foi fazer um inventário folclórico ou um registro etnográfico acadêmico. Queríamos, acima de tudo, registrar a forma como as crianças compreendem as tradições às quais pertencem. E isso passa por emoção, fantasia, e uma espécie de entendimento lúdico da própria história”, explica Juliane.
Cada episódio estrutura-se em três blocos, explorando diferentes territórios e realidades. No Tocantins, a série acompanha de perto as crianças e jovens, e eventualmente seus mestres e anciões, nos eventos como a Folia Mirim de Monte do Carmo e a Festa Cultural Xerente, e em Cabo Verde, a Tabanka e a Festa de Son Jon.
Foto: Divulgação Ascom Criança de RaizA produção foi realizada com recursos do Prodav TVs Públicas 2018 (Ancine/FSA/BRDE/EBC) e finalizada em 2024. Em seguida ao Festival comKids, outro episódio da série será exibido no Festival Ojo de Pescado (Chile), selecionado para a 14ª edição do projeto, e todos os episódios serão exibidos ainda em 2025 na TV Brasil.
Para Juliane, que atua há mais de uma década na criação de conteúdos audiovisuais com base no Tocantins, a série também é uma afirmação de um modo de produção que valoriza narrativas regionais, descentralização e trabalho coletivo. “A gente vem de um lugar onde quase tudo é feito com muito esforço e pouco recurso. E ainda assim conseguimos construir uma obra afetiva, cheia de beleza, visual e sonora, e acolhendo uma diversidade de infâncias que merecem proteção – e promoção. Ver a obra cotada a um prêmio internacional ao lado de grandes nomes da América Latina é motivo de muita alegria pra toda a equipe, que se dedicou por três anos”, conclui.