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Brasil-Mundo

Foto: Freepik

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Passada a conferência COP30 em Belém do Pará, que atraiu em novembro dezenas de milhares de estrangeiros para o Brasil, a maioria dos brasileiros acredita que a imagem internacional do país é positiva, mas não livre de ambivalências. Para 88% da população, o país é conhecido e bem relacionado no exterior, sendo que 62% creditam ao Brasil uma percepção global positiva (36%) ou neutra (26%) mas avalia de forma crítica como o brasileiro é recebido em outros países.

Embora positiva, emerge a opinião de que a imagem externa piorou nos últimos anos e de que o brasileiro é hoje mais desvalorizado do que admirado pelos estrangeiros. Mais da metade (56%) sentem que o brasileiro não é reconhecido positivamente no exterior, enquanto pouco mais de um terço (35%) se mostram confiantes de que o brasileiro é admirado.

A despeito dos qualificativos positivos atribuídos à “personalidade” do brasileiro na projeção de como os estrangeiros veem o Brasil (alegria, simpatia, hospitalidade), 64% acreditam que os brasileiros nem sempre são bem recebidos no exterior e 7% consideram que nunca são. Pouco mais de um quarto (26%) opinam que os brasileiros são sempre bem recebidos.

Realizada entre os dias 15 de novembro e 2 de dezembro 2025, com 3 mil pessoas nas cinco regiões do País, a pesquisa Observatório Febrabanapresenta um panorama abrangente sobre como a população percebe a imagem internacional do país e como acredita que os brasileiros são vistos. O estudo examina desde dimensões racionais, como fontes de informação e grau de visibilidade, até símbolos e atributos associados ao Brasil.

Para 66% dos respondentes, a COP30, realizada em Belém em novembro, favoreceu a imagem do Brasil no exterior (contribuiu muito: 36%; contribuiu um pouco: 30%). Esse resultado indica o reconhecimento de que o evento reforçou o protagonismo brasileiro na agenda climática global.

“O estudo indica que, para a maioria, a COP30 realizada recentemente em Belém favoreceu a imagem positiva do país”, avalia o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do IPESPE.

Atributos como simpatia, alegria e hospitalidade são centrais na forma como os brasileiros, por projeção, acreditam ser vistos lá fora. Elementos como futebol, natureza exuberante e carnaval continuam a ser vistos como os principais símbolos que identificam o país. Ao mesmo tempo, o destaque em áreas como turismo, energia limpa e proteção ambiental também constitui uma “marca” do Brasil, ancorando a percepção de relevância no cenário internacional.
 

Na visão dos brasileiros, a imagem externa do país ainda está ancorada em traços como cordialidade e símbolos como o futebol, carnaval e natureza. O agregado de atributos positivos imputados aos brasileiros é muito superior (76%) aos negativos (22%). Simpatia (29%), alegria (21%) e hospitalidade (19%) formam o tripé dos atributos que mais caracterizam os brasileiros no exterior, segundo os próprios. Criatividade (4%) e solidariedade (3%) completam a lista.

Abaixo, seguem outros resultados do levantamento:

Copa do Mundo de Futebol 

Desde 2002 sem ganhar uma Copa do Mundo, e mesmo considerando o futebol como um dos símbolos que mais representam o Brasil no exterior (26%), os brasileiros revelam um otimismo moderado ao fazerem projeções sobre as chances do país na Copa de 2026.

A maior parte dos entrevistados (43%) acredita que o país tem alguma chance de conquistar o título; 21% apostam no histórico favoritismo do Brasil e afirmam que o Brasil tem muita chance; e 31% mais céticos opinam que o país não tem chance de ser campeão.

COP 30

Para 66% dos respondentes, a COP30, realizada em Belém em novembro, favoreceu a imagem do Brasil no exterior (contribuiu muito: 36%; contribuiu um pouco: 30%).É minoritária a parcela que não identifica essa contribuição (28%).

O entusiasmo com a COP30 é claramente regionalizado, com diferenças significativas sobre o grau de sua contribuição para a imagem do país.

A opinião de que contribuiu muito é notadamente maior no Nordeste (47%) e no Norte (40%), em comparação com o Centro-Oeste (28%) e o Sul (26%). Já a opinião de que não contribuiu chega a 35% no Centro-Oeste e a 36% no Sul, contra 19% no Nordeste e 26% no Norte. O Sudeste fica numa posição intermediária, com proporções mais equilibradas (contribuiu muito: 32%; um pouco: 33%; não contribuiu: 29%).

Atributos e Símbolos 

A identificação dos elementos que mais contribuem para a imagem positiva do Brasil e do seu povo no exterior reitera a centralidade de traços do “jeito de ser” do brasileiro.

Nesse âmbito, alegria e simpatia voltam à cena e marcam 52% das menções; enquanto hospitalidade e receptividade com os estrangeiros comparecem com 37%.

A tradicional referência à exuberância das belezas naturais se traduz na menção ao turismo (40%). As expressões culturais (arte, música, literatura) vêm na sequência, com 38%. A atuação nos esportes (não apenas o futebol) surge em patamar próximo, com 32%.

Um terceiro patamar renova a imagem do país em relação aos marcadores identitários mencionados acima, colocando o Brasil na agenda internacional do presente e do futuro. São eles: potencial econômico e comercial do país (15%); e atuação em questões ambientais e sociais (13%).

Na lista de símbolos que melhor definem ou representam o Brasil no exterior, renova-se a tríade futebol (26%), carnaval (17%) e natureza/paisagens (17%).

A projeção da imagem externa do país em itens específicos traz um Brasil que pode ser definido como um destino altamente atraente e acolhedor, reconhecido por sua vocação turística (85%); percebido como uma democracia sólida (60%); que avança em pautas contemporâneas, como energia limpa (56%) e direitos humanos (55%).

Além disso, o país aparece como um ambiente favorável para negócios (54%) e para morar (53%), mantendo ainda certa relevância e influência no cenário internacional (52%), reforçada por sua associação à proteção da Amazônia (51%).

Apesar disso, o item respeitado no cenário internacional (46%) fica abaixo dos demais indicadores, sugerindo que a reputação internacional, embora positiva, ainda carece de fortalecimento.

Experiência do Estrangeiro no Brasil e do Brasileiro no Exterior 

A despeito dos qualificativos positivos atribuídos à “personalidade” do brasileiro na projeção de como os estrangeiros veem o Brasil (alegria, simpatia, hospitalidade), 64% acreditam que os brasileiros nem sempre são bem recebidos no exterior e 7% consideram que nunca são. Pouco mais de um quarto (26%) opinam que os brasileiros são sempre bem recebidos.

Tais números podem sinalizar experiências ou impressões de xenofobia que afetam os brasileiros fora do país e que têm sido cada vez mais noticiadas na mídia, concomitantemente ao endurecimento das regras imigratórias em diversos países.

Mais da metade (55%) opinam que, após visitarem o Brasil, os estrangeiros saem com uma opinião muito positiva ou positiva do país. Para cerca de um quarto (24%) eles saem com uma opinião neutra. A menor parcela, inferior a um quinto (16%), é a dos que acreditam que eles saem com opinião Negativa ou muito negativa.

Um contingente considerável de brasileiros (40%) declara ter interesse em emigrar, enquanto 57% não demonstram essa disposição.

Nas novas gerações, com a Geração Y, que nasceram entre 1980 e 1995 (50%) e a Geração Z, nascido em 1995 e 2010 (44%), exibindo um interesse significativamente maior na comparação com a Geração X, nascidos entre 1965 e 1981 (35%), e com os Baby Boomers (25%),que vieram ao mundo entre 1946 e 1964.

Entre aqueles que expressam o desejo de sair do Brasil, as preferências se concentram em países ocidentais e são consistentes com as maiores comunidades de brasileiros no exterior, com Estados Unidos e Portugal nos primeiros lugares:

  • América do Norte: Estados Unidos lidera o ranking de países mais desejados, com 37%. O vizinho Canadá comparece com 9%.
  • Europa: Portugal é segundo país preferido para emigrar (22%), seguido de longe por: Itália (12%); Espanha (8%); Inglaterra (7%); Suíça (6%); Alemanha (3%); Irlanda (2%). Somados, os destinos europeus totalizam 60%, superando os Estados Unidos (37%).
  • Ásia: os orientais Japão e China obtêm 5% e 4% das menções, respectivamente.