Um censo inédito feito na fronteira do Brasil com a Colômbia identificou 405 indígenas colombianos de dez etnias, que entraram em território brasileiro fugindo do conflito armado no país vizinho, sobretudo do recrutamento forçado pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Os indígenas foram identificados pela Foirn (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro) em levantamento solicitado pelo Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados) no Brasil. Eles fugiram, principalmente, da região colombiana de Mitú, no rio Uaupés, marcada por intensos confrontos.
Ainda não reconhecidos pelo governo brasileiro, os indígenas integram estatística de 4.000 refugiados que, nos últimos cinco anos, se deslocaram para o país, especialmente para a Amazônia Legal --que compreende partes do Acre, Pará, Amazonas, Amapá, Roraima, Rondônia, Mato Grosso, Maranhão, Tocantins e Goiás.
Os refugiados chegam à selva amazônica brasileira viajando dias e até meses em barcos. Atravessam a fronteira pelas cidades amazonenses de Tabatinga ou São Gabriel da Cachoeira. Também entram no Brasil pela Venezuela.
André Fernando, coordenador da Foirn, disse que os índios são alvo de guerrilheiros porque conhecem a selva. "Eles temem as Farc porque eles levam os filhos dos índios para lutar ou para envolvimento no tráfico de drogas."
Em dezembro, em Manaus, o representante do Acnur no Brasil, Luis Varese, classificou como "tragédia humanitária" o aumento de refugiados na Amazônia Legal. "A invisibilidade do conflito colombiano é o fator responsável por essa tragédia humanitária que acontece na fronteira do Brasil."
Varese assinou acordo de cooperação com os secretários de Direitos Humanos do Amazonas e de Manaus para ações de assistência a refugiados. Um escritório do Acnur foi aberto na capital amazonense.
O governo brasileiro, segundo o Acnur, já reconheceu 3.500 refugiados de 69 nacionalidades diferentes no país.
Agência Folha, em Manaus