Nosso emocional atua a todo o momento, de modo consciente ou na esfera imperceptível, captando, sentindo ou criando expectativas. Assim, os ponteiros do humor sinalizam nossas atitudes. De tempos em tempos, o inesperado sobrevém de forma abrupta e nocauteia um povo.
Há alguns anos atrás tivemos a perda de Ayrton Senna, foi um pesadelo saber que o coração de um campeão parou de bater. A passagem enlutou a todos. Não foi preciso oficializar o feriado, a desmotivação se encarregou de fazê-lo; entristecidas, as pessoas buscavam nas imagens dos televisores uma explicação, um alento e uma forma de extravasar a dor.
Diferente de quando a massa humana é insuflada, o fato por si só envolvia feito uma onda que se avolumava silenciosamente provocando um abatimento geral. Depois desse caso e de forma diferente, outras situações sombrias incidiram e juntando-se a elas, há alguns dias, uma terrível notícia ganhou espaço e feriu a população . Novamente uma criança é a vítima.
As causas da depressão coletiva muito se parecem com as que atingem o indivíduo. A abrangência da mídia transforma desconhecidos em pessoas íntimas, e quando algo lhes acontece, provoca reações que se multiplicam na velocidade da notícia. A morte pode ter um significado até maior se comparada a um ente da família, tal os laços afetivos criados unilateralmente. Já, as barbáries, desencadeiam a indignação, a revolta e a comoção, traumatizando a todos.
A lição que se tira a cada ocorrência é que a multiplicidade de opiniões se alinha através da dor e do sofrimento, deixando para segundo plano os valores e o status que tanto são perseguidos no dia-a-dia. A impotência da sociedade perante tais fatos, leva a refletir se vale a pena o corre-corre e o desperdício de energia... E como todo episódio tem dois lados, se aprende que: todo o amargor é digerido pelo tempo que entrelaçando os acontecimentos tece a nossa história.
J.Antonio Sespedes
Autor do livro: Depressão, um beco com saída