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Educação

Foto: Cléia Gomes

Na tarde desta última quarta-feira, 16, foi dado o primeiro passo rumo à proposta de implantar a Educação de Tempo Integral nas escolas da zona rural foi apresentada pelo secretário da Educação, Danilo de Melo Souza, aos representantes de órgãos, entidades e movimentos ligados ao meio rural. A senadora Kátia Abreu (PSD), que é também presidente da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), esteve presente na reunião e participou das discussões.

Entre as novidades apresentadas está o sistema de alternância dos dias na escola. Na proposta os estudantes permanecem na unidade escolar durante seis horas e meia, de segunda à sexta, ficando a semana letiva assim dividida: 2 dias de atividade na escola; 1 dia de atividade em casa; e mais 2 dias na escola. O modelo, já adotado em outros Estados e até fora do país, visa melhorar o rendimento dos estudantes da zona rural, com um currículo diferenciado e que leve em conta as diferenças entre alunos do campo e da cidade, mas oferecendo a eles opção de permanecer no campo ou ir para a cidade, tendo para qualquer que seja a escolha uma boa preparação para o mercado de trabalho.

Segundo o secretário da Educação, o projeto vai representar ainda uma economia para os municípios que aderirem. “Mesmo que as crianças passem maior tempo na escola e que isso demande um gasto maior com alimentação, só o que o prefeito vai deixar de gastar com transporte já é uma economia enorme, além de estar oferecendo para as crianças e jovens daquela localidade uma educação diferenciada e de qualidade”, exemplifica.

De acordo com a proposta, o método a ser implantado vai depender das particularidades de cada região. Uma das opções é a implantação de 48 das Escolas Núcleo de Tempo Integral, com capacidade para atender aproximadamente 9 mil estudantes. Esse modelo tem na matriz curricular, além das disciplinas convencionais, como português e matemática, a parte diversificada, com ensino da música, informática, xadrez e outros. Os estudantes terão ainda aulas teóricas e práticas voltadas para a bovinocultura, fruticultura, piscicultura, ovinocultura, horticultura, agroecologia, agrotecnologia e outras áreas afins, valorizando os saberes da terra.

Escola itinerante

Como alternativa, nas localidades onde a instalação das Escolas Nucleadas não for viável, a sugestão é que haja unidades de ensino itinerantes como: Ônibus Escola e Barco Escola, tudo para que a escola esteja cada vez mais acessível para os estudantes do campo. “Na cidade é tão fácil o menino ir à escola, mas no campo é tudo muito sofrido. As crianças acordam de madrugada, percorrem longas distâncias e sofrem com a falta de infra-estrutura da escola. Não importa se a escola vai até ele ou ele à escola, o que queremos é combinar todas as formas possíveis de ensino e não deixar de maneira nenhuma essas crianças fora da escola”, destacou Danilo.

A nova proposta prevê ainda a doação de netbooks para os estudantes do campo. As máquinas, que serão adquiridas pelo Governo do Estado, além de serem utilizadas para o acesso à internet, quando isso for possível, servirão ainda como uma biblioteca portátil, onde serão armazenados todos os conteúdos estudados. Para a senadora, o uso da tecnologia no campo permite aos alunos maior possibilidade de escolha para o futuro. “A internet, os computadores, são uma ótima forma de preparar esses jovens tanto para o mercado de trabalho na cidade quanto para aqueles que querem permanecer no campo, e fazer com que essa permanência seja melhor aproveitada”, avaliou.

Parcerias

A senadora Kátia Abreu colocou-se ainda à disposição para ajudar na implantação de melhorias na educação no campo, inclusive na busca por parcerias e recursos para o projeto. “Quero parabenizar o secretário pela iniciativa. É uma ideia importante para que seja dado o primeiro passo, o que no Brasil já é um grande passo. Fizemos um estudo que mostrou que em todo o Brasil as escolas rurais estão sucateadas, desativadas, sem a mínima condição de funcionamento. As ideias são muito importantes, mas acho que temos que buscar ajuda para a lida, na hora de colocar na prática, buscar ajuda do Senar, das universidades, dos movimentos do campo, de todos que possam contribuir para essa mudança que precisa acontecer”, elucida.

Antes da implantação, o projeto da nova Educação no Campo será amplamente discutido com os órgãos envolvidos e as partes interessadas, entre elas: quilombolas, integrantes do Movimento dos Sem Terra (MST), indígenas e educadores que já atuam no campo. O novo modelo prevê ainda a parceria com as prefeituras municipais. “O governador já apreciou o projeto, gostou muito e mais uma vez mostrou que independente da cor partidária todos os municípios serão convidados a aderir, porque para o Governo não existe aluno do município ou aluno do Estado, e sim, alunos do Tocantins”, disse Danilo.

Desta primeira reunião, participaram representes do MST, da Secretaria Estadual da Agricultura, do Naturatins, do Ruraltins, do Incra, da Agencia de Defesa Agropecuária (Adapec), do Sebrae e gestores de escolas agrícolas. Todos os presentes receberam cópia do projeto para análise e considerações, antes do próximo encontro. (Secom)