O Consórcio Estreito Energia (CESTE), empreendedor da Usina Hidrelétrica Estreito (UHE Estreito), realizou a 6ª Reunião do Comitê de Gestão Responsável pelo Projeto Integrado do Pescado da área Usina. A principal finalidade do encontro foi explanar aos pescadores, na ocasião representados pelos presidentes das colônias de pescadores dos municípios situados na área de abrangência da UHE Estreito e associados da Cooperativa dos Pescadores de Estreito (MA), sobre a atual situação em que se encontra os peixes no lago da Usina de Estreito e na parte do Rio Tocantins abaixo da Hidrelétrica.
O Ceste debateu diversos temas durante o encontro com os pescadores, inclusive sobre o tamanho e quantitativo dos peixes na fase de pós-enchimento do reservatório. Temas como, parcerias para o projeto, por meio do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), e o status do orçamento do projeto foram levantados pelos membros comitê da pesca, que tem como coordenador do Comitê Gestor pelo Ceste o gerente de Meio Ambiente, Isac Braz Cunha.
Primeiramente o Consórcio através de profissionais especializados de empresa de consultoria externa mapeou todo o processo ocorrido no Rio Tocantins e apresentou aos pescadores um panorama geral da localidade. De acordo com o especialista do Museu Nacional, Décio Ferreira de Moraes, o reservatório está passando pelo período de adaptação, devido à grande quantidade de alimento ofertada aos peixes, ocasionada pelo aumento no volume de água nas áreas. Com o fenômeno, ocorreu o aceleramento do processo reprodutivo, resultando no surgimento do amplo número de alevinos, ocorrendo uma explosão demográfica, razão do aumento da disponibilidade de peixes para a pesca neste momento.
O técnico afirmou que durante a campanha de campo identificou uma grande quantidade de peixes como surubins e pirararas, todos abaixo do tamanho de comercialização, mas que já estão sendo pegos em redes de malhas pequenas. “Muitos pescadores são conscientes e soltam, mas o ideal é que utilizem malhas grandes”, orienta o especialista do Museu Nacional do RJ. Décio ressalta que os peixes grandes estão no lago, mas que estão espalhados no reservatório. Entretanto, ele solicitou aos pescadores que o período de defeso (quando atividades de caça, coleta e pesca esportiva e comerciais ficam vetadas ou controladas) seja respeitado na área para um desenvolvimento sadio desses peixes.
Outro ponto salientado durante a palestra foi em relação ao surgimento de espécies de peixes que havia desparecido, como exemplo o Mapará, mas que já voltaram a ser pescado na região. “Se houver todo um controle, logo eles voltarão a ser pescado com mais frequência”, garantiu o técnico. De acordo com Décio, o próprio Mapará apresentou um tamanho elevado, comparado ao observado anteriormente. “O Tucunaré teve um crescimento exponencial, aparecendo em grande quantidade”, ressaltou o técnico.
Outra questão debatida na reunião foi em relação às ações que estão sendo desenvolvidas para a implantação do Projeto do Complexo do Pescado, o representante do MPA, Jozafá Ribeiro Maciel, informou que o Ministério da Pesca e Aquicultura está articulando contatos com os governos do Maranhão e do Tocantins, com o objetivo de instituir parcerias para o projeto. Ressaltou ainda a inserção do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e da Federação da Indústria do Estado do Tocantins (FIETO), onde o MPA pretende concluir os estudos para assegurar a viabilidade do projeto. “O MPA realizou um seminário em Estreito com os pescadores e parceiros do projeto”, relatou Jozafá.
O Ceste informou aos pescadores que já concluiu as salas de multiuso, dotadas do píer e atracadouros que proporcionará apoio, onde atenderá em pontos estratégicos as atividades desenvolvidas pelos pescadores. “Estas salas já foram concluídas e agora com a implantação da Cooperativa dos Pescadores poderão ser repassadas a esta instituição ainda no mês de dezembro deste ano, comentou o coordenador do comitê, Izac Braz.
O Consórcio Estreito Energia apresentou ações que já foram desenvolvidas bem como os gastos que já foram empreendidos no projeto. “Apresentamos ações a serem implementadas que serão avaliadas em consonância com o estudo de viabilidade cuja responsabilidade do MPA”, ressaltou Izac Braz.
Oportunidade
O projeto do pescado tem como foco principal gerar oportunidades aos pescadores da área de abrangência da UHE Estreito, além de buscar uma melhoria de renda para estes profissionais e seus familiares. Visando a qualificação dos pescadores e piscicultores, foi realizada a visita ao centro de alevinagem, na Fazenda São Paulo. O local com aproximadamente três hectares de área de lâmina d’água (área de produção), comporta 45 tanques de diversos tamanhos, onde são desenvolvidos trabalhos de produção de oito espécies de alevinos e larvas de peixes nativos da Amazônia.
Do Complexo do Pescado
Com a implantação do Complexo do Pescado ocorrerá a potencialização do setor de pesca na área de abrangência da Usina Hidrelétrica Estreito, de modo ecologicamente adequado e economicamente viável e sustentável. Já foram construídos portos de desembarque e salas multiuso para atividades de recepção do pescado, capacitação e apoio aos pescadores, sendo que neste momento o MPA coordena estudos complementares para definir a viabilidade da implantação de um Centro Experimental de Piscicultura e Centro de Beneficiamento do Pescado em beneficio dos pescadores e piscicultores, previsto inicialmente no projeto.