Estão marcadas para o dia 23 de março as provas do primeiro vestibular do Curso de Educação do Campo da Universidade Federal do Tocantins (UFT). O edital, lançado nesta última terça-feira, 4, pela Comissão Permanente de Seleção (Copese) prevê 240 vagas para ingresso no primeiro semestre letivo de 2014, metade para o Câmpus de Arraias e metade para o Câmpus de Tocantinópolis. As inscrições no processo seletivo podem ser feitas a partir do dia 11 e até o dia 27 de fevereiro, exclusivamente pela internet. A seleção prevê reserva de vagas para indígenas e para estudantes oriundos de escolas públicas, no sistema de aplicação da Lei nº 12.711/2012. Todos os detalhes estão no Edital de Abertura nº 08/2014 da Copese.
O curso de Educação do Campo tem duração de quatro anos e é
uma licenciatura com habilitação em Artes Visuais e Música voltada
especialmente para pessoas de comunidades rurais e professores que já
atuam em escolas do campo, mas não têm formação. A graduação é um projeto
especial que visa suprir carências de formação de professores na zona rural e
conta com subsídios do Ministério da Educação (MEC) para permanência e
mobilidade dos alunos.
"Esse edital é um sonho realizado para nós, que trabalhamos como
militantes da educação no campo aqui no Tocantins, e uma vitória para os
movimentos sociais", comemora a coordenadora do curso em
Tocantinópolis, professora Rejane Medeiros.
"O curso vai atender uma demanda regional e social de formação de
professores no sul e no norte do Estado. É uma forma de acabar com a
justificativa da falta de profissionais usada pelos estados para não cumprir a
lei", comentou o coordenador do curso em Arraias, professor Alessandro
Pimenta, ao enfatizar que a disciplina de Artes, que já incluía o currículo do
Ensino Fundamental, também passou a ser obrigatória nas três séries do Ensino
Médio desde 2008. "Nossa intenção não é formar artistas, mas sim
propiciar uma formação que dê aos alunos uma perspectiva crítica do
mundo", acrescentou.
Para atender as demandas específicas do público-alvo e também como forma de
evitar o êxodo rural, o curso é oferecido na modalidade presencial em
regime de alternância e possui uma metodologia diferenciada: o semestre é
dividido em "tempo escola", que compreende as atividades em sala de
aula e nos laboratórios, e "tempo comunidade", de modo que parte das
disciplinas é desenvolvida nas comunidades, com o acompanhamento dos
professores. Lá os alunos farão pesquisas e poderão, além de associar a teoria
à prática, compartilhar os conhecimentos construídos na universidade. No
"tempo escola", os alunos terão aulas em período integral (manhã
e tarde), com atividades de estudo à noite.
"Com essa práxis nós respeitamos o tempo de produção das comunidades
e podemos efetivamente contribuir com a formação das pessoas que trabalham
no campo por meio do ensino, da pesquisa e da extensão", explica
Rejane. "É uma forma, até mesmo, de evitar que os alunos deixem as
suas comunidades para estudar e não voltem mais, como é o caso de pessoas aqui
da região que foram fazer esse curso em Brasília, por exemplo", completa
Alessandro.