Há um bom tempo, o empreendedorismo vem sendo bastante estimulado no País. E quem se empolga com ideia sonha com a ausência de chefe e os ganhos bem acima de um salário tradicional. Estas duas metas, segundo o contador Ronaldo Dias, da Brasil Price, configuram no principal erro do novo empresário. “Ele concentra esforços apenas no operacional da empresa: comprar, vender e prestar serviço. As questões tributárias e administrativas são encaradas como consequências e não recebem a devida atenção”, esclarece Ronaldo.
A mortalidade entre as empresas é grande até os dois anos de existência. Seja por falta de um planejamento consistente ou conhecimento administrativo, a quebradeira vem justamente durante um período de forte crescimento. “O empresário insiste em tocar a empresa de forma rudimentar. E o atual cenário já não permite isso”, completa Dias.
Conheça as regras
Em um País como o Brasil, os impostos têm uma relevância ímpar. O produto pode até ser inserido no mercado com um preço competitivo, mas o resultado pode não ser o esperado. “É comum um alto faturamento se transtornar apenas em gastos e impostos”, lembra o contador.
E o caminho para a lucratividade é, de certo modo, complexo. São necessários os planejamentos tributário, estratégico, marketing, mix, distribuição, entre outros. É preciso também um controle de margem de lucro diferenciada para cada produto ou serviço. “O empresário pode até ganhar menos em alguns de maior giro e mais em outros. Não resolve apenas atribuir 100% sobre o preço de compra que o lucro será garantido. A única garantia, neste caso, será o alto imposto a pagar”, reforça Ronaldo.
No fim das contas, a principal recomendação é, antes de abrir efetivamente um negócio, estudar as regras estabelecidas pelos governos, como, por exemplo, as legislações tributárias e trabalhistas.
Lucro ≠ Faturamento alto
Antigamente, acreditava-se que, para obter lucro, era preciso vender muito, faturar muito. Isso já caiu por terra. Ronaldo enfatiza que, em vários tipos de negócio, a lucratividade está justamente na diminuição do faturamento acompanhada da economia na utilização de recursos da estrutura física, administrativa e financeira. “É fazer mais com menos. É um caminho sólido já comprovado por muitas empresas”, pontua. Simplificar os processos e reduzir pessoal, por exemplo, são alguns dos benefícios obtidos quanto se trabalha mais enxuto e com um nível menor de faturamento.
O colaborador
Em função das Leis Trabalhistas, é comum o empresário optar por brecar seu crescimento simplesmente para não ter que contratar mais. “Os impostos com o pessoal são altos no Brasil. Chegam ao dobro do salário pago”, enfatiza Dias.
Neste caso, a única saída é pressionar o Governo a reformular a legislação, principalmente para beneficiar as pequenas empresas.