A região de Palmeirante, no Tocantins, foi novamente cenário de violento conflito por terras. Segundo a Comissão Pastoral da Terra e camponeses que vivem no local, ao menos cinco pistoleiros promoveram momentos de terror na última quarta-feira (10) a cerca de 20 famílias do acampamento São Francisco, na Fazenda Paraná.
Os pistoleiros chegaram a obrigar um dos trabalhadores a cavar a própria cova, ameaçando matá-lo ali mesmo. O crime só não se consumou porque uma das lideranças da comunidade chegou a tempo de intervir e assustar os pistoleiros informando que a Polícia Militar estava próxima do local.
Além da ameaça de morte, os pistoleiros queimaram e derrubaram os barracos das famílias, roubaram documentos pessoais, ameaçaram crianças e adultos com armas apontadas na cabeça e ficaram fazendo rondas na região até o dia seguinte, na quinta-feira (11). Outro morador do acampamento, inclusive, relatou ter sido agredido com diversos golpes de facão pelo corpo.
A Ouvidoria Agrária Regional acompanha o caso de perto, tendo já acionado a Delegacia Estadual de Repressão a Conflitos Agrários (DERCA) e o Programa Terra Legal – já que se trata de conflito em uma área da União Federal,segundo a Ouvidoria.
De acordo com a Ouvidoria Agrária Regional, o ataque ocorreu a mando do fazendeiro Etoni da Fazenda Paraná – que estava presente na ação. Os pistoleiros eram liderados por Antônio Gaguim e estavam armados de revólveres, espingardas e facões.
Região conflituosa
As famílias camponesas que lutam por uma terra no município de Palmeirante convivem com a violência e pressão dos latifundiários há anos. Na terça-feira (9), a Comissão Pastoral da Terra Araguaia-Tocantins divulgou uma nota destacado a firme atuação do Ministério Público Federal (MPF) no que se refere ao pedido de deslocamento de competência no Processo de Reintegração de Posse movido contra famílias do acampamento Vitória, comunidade vizinha à São Francisco.
A área reivindicada pelos acampados Vitória, segundo a Ouvidoria, é comprovadamente parte do patrimônio da União. Ainda assim, no entanto, as terras foram tituladas, com indícios de fraude, em nome de Paulo César de Barros Junior.
As famílias do acampamento Vitória também já foram alvo de ameaças dos fazendeiros da região, igualmente a outros moradores de áreas vizinhas, como Santo Antônio, Deus é Grande e Gabriel Filho – este último tendo sido palco do assassinato a tiros do trabalhador que dá nome à comunidade.