A Procuradoria Geral Eleitoral (PGE) manifestou-se na última terça-feira, 28, pela cassação do mandato do governador Marcelo Miranda (PMDB) e da vice-governadora, Claudia Lelis (PV), considerando estar caracterizada prática de Caixa 2 e abuso de poder econômico, referindo-se à apreensão de um avião em Piracanjuba/GO com a quantia de R$ 500 mil em espécie. O prefeito Carlos Amastha aproveitou para lançar críticas ao governador e à sua vice, no Twitter. "Lendo agora o parecer ... favorável a cassação do mandato do MM e da Claudia, dá para entender o desespero dos Lelis. Podem perder tudo", alfinetou Amastha.
Sobrou alfinetadas até para o ex-deputado estadual e presidente regional do Partido Verde, Marcelo Lélis, marido da vice-governadora Cláudia Lelis, inelegível por oito anos por abuso de poder econômico nas eleições de 2012. "Já imaginou? Marido e mulher banidos da política pelo mesmo motivo. Abuso de poder econômico. Continuam. Não percebem o novo Brasil. Acordem", frisou Amastha que ainda disse: "Claro que ainda tem cunhado (terrível) kkkkkk cunhada, filhas,sobrinhas e espíritos. Que viva a velha política tocantinense. Chegando ao fim", ironizou.
O gestor de Palmas começou a criticar os impostos praticados pelo Governo do Estado, citando o aumento na tarifa de energia. "Será que governo TO não pensa em outra coisa que não seja aumentar tarifas ou criar impostos. Já era um absurdo, hoje aumento de energia. Chega", criticou. Carlos Amastha é bastante criticado por vereadores, deputados e sociedade palmense pela cobranças de taxas e impostos.
O prefeito ainda pediu a renúncia do governador Marcelo Miranda e afirmou que há muita incompetência no Governo do Tocantins. "Para que tantos novos impostos e taxas? Poderiam pelo menos pagar contas e cuidar da segurança e saúde. Nada. Muita incompetência. #Renuncia MM", concluiu o prefeito de Palmas.
Julgamento no TRE
No dia 24 de agosto do ano passado, o Tribunal Regional Eleitoral julgou ação que pedia a cassação do governador e sua vice e, por 3 votos a 2, decidiu pela não cassação de Marcelo e Claudia Lelis.
Naquela oportunidade, o governador Marcelo Miranda recebeu a notícia durante reunião com os seus secretários e dedicou o resultado aos tocantinenses.
Posteriormente o Ministério Público Eleitoral recorreu da decisão dos juízes do TRE. (Matéria atualizada às 09h42min)
Entenda o Caso
A ação de investigação judicial eleitoral proposta pelo Ministério Público Eleitoral (MPE) contra Marcelo Miranda e sua vice Cláudia Lelis foi motivada pela prisão em flagrante de quatro pessoas no aeroporto da cidade de Piracanjuba (GO) no momento em que embarcavam em uma aeronave de propriedade da Construtora ALJA Ltda, portando o montante de R$ 500.000,00 em espécie. O dinheiro havia sido sacado momentos antes na agência da Caixa Econômica Federal da conta de Lucas Marinho Araújo, de onde já havia sido transferido mais de um milhão de reais para outras contas-correntes no Tocantins.
Em razão dos indícios de que os recursos apreendidos eram destinados ao caixa 2 da campanha de Marcelo Miranda ao Governo do Tocantins, o auto de prisão em flagrante foi remetido à PRE/TO, que instaurou procedimento com objetivo de apurar a ocorrência de abuso de poder econômico. Além de Lucas, foram presos Roberto Carlos Barbosa, Marco Antonio Jaime Roriz e Douglas Marcelo Schimidt, cujos depoimentos fizeram surgir mais suspeitas de que o dinheiro seria utilizado na campanha eleitoral no Tocantins. O único a negar o destino do dinheiro perante a autoridade policial por saber da implicação legal da apreensão foi o chefe da missão, Douglas Marcelo.
Segundo o Ministério Público Eleitoral, o veículo utilizado pelo grupo encontrava-se à disposição da campanha eleitoral do PMDB, já que a locadora aparece na prestação de contas do comitê financeiro do partido, fato que confere com a declaração de Marco Antônio no auto da prisão em flagrante. A utilização da aeronave também reforça a afirmação que todo o esquema era organizado pela campanha eleitoral do PMDB.
Outro fato é que as despesas de Douglas no hotel em que o grupo ficou hospedado em Goiânia foram pagas pelo irmão de Marcelo Miranda, José Edmar Brito Miranda Júnior, conforme comprovam boleto de cartão de crédito e imagens de câmera de segurança do hotel. Outra prova são as diversas postagens de imagens em aplicativo enaltecendo a campanha e seus candidatos, inclusive dando detalhes da quantidade de veículos que seriam caracterizados naquela semana.
Segundo o MPE, perícia realizada nos aparelhos celulares utilizados pelos quatro presos em Piracanjuba revelou a existência de intensa troca de mensagens entre Marco Antonio Roriz e o irmão de Marcelo Miranda, Júnior Miranda. Há mensagens em que Marco Roriz conversa com Júnior Miranda relatando já terem acertado com Douglas o horário de se encontrarem no dia da operação. (Matéria atualizada às 09h42min)