Diante de rumores sobre redução da carga horária dos funcionários públicos estaduais para seis horas diárias, a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Tocantins (Fecomércio), tem ouvido o apelo dos empresários sobre esta medida e elencado os impactos negativos dessas medidas para a economia e a agilidade dos serviços públicos no estado.
Segundo o presidente da Fecomércio, Itelvino Pisoni, a redução implicaria em diminuição no horário de atendimento para empresários e a comunidade em geral. “Nós somos conhecedores da situação do estado e estamos propondo o diálogo para que toda a sociedade auxilie na solução deste impasse, porém é preciso reavaliar esta estratégia de diminuir a carga horária para seis horas, tendo em vista que o atendimento nas repartições públicas será prejudicado”.
Itelvino ainda ressaltou que quem paga é a própria população. “Será difícil o atendimento em um regime de horário menor. E além disso, a redução de despesas não tende a ser substancial já que o salário dos servidores continuará o mesmo. Ou seja, os contribuintes terão menos agilidade e tempo para atendimento nos órgãos públicos, pagando pela carga horária de 40 horas semanais. É necessário buscar outras saídas para economia e corte de gastos”, explicou.
Uma enquete foi realizada pelo Instituto Fecomércio, com 64 empresários de Palmas, Gurupi e Araguaína e para eles, o impacto será negativo também para o comércio. Em Palmas, 53,3% disseram que que esta redução afetará o setor. Na cidade de Gurupi, o total foi de 80%, e em Araguaína, 57,1% responderam que a redução traria impactos para o comércio.
O presidente da Abrasel, José Ernesto Betelli, ressaltou que os restaurantes que abrem durante o almoço serão os mais impactados. “Os restaurantes sentiram uma queda em 2012 quando foi reduzida a primeira vez o funcionamento dos órgãos estaduais. As quedas vão de 10 a 30%, um porcentual muito alto. Os que mais sentem são as empresas de alimentação próximas a Praça do Girassóis”, disse. Segundo ele, vários empresários estão relatando preocupação com relação a esta possível mudança.
Outra preocupação do setor de comércio, é a queda nas vendas durante os finais de semana. Para o empresário e presidente da Acipa, Kariello Coelho, o horário permitirá que os funcionários realizem viagens nos finais de semana. “Com certeza é um risco em Palmas de que as ruas fiquem vazias a partir da sexta-feira caso o horário seja reduzido e seja pelo período matutino. A sensação das ruas será de cidade parada, sem movimento, diferentemente do horário de 8h. E já houve uma tentativa deste horário alternativo em outros governos, mas a própria população clamou para que fosse revertido em virtude da deficiência ocasionada em alguns setores”, expôs. Ainda de acordo com Kariello, “Nós entendemos que existem outras alternativas, e estamos abertos para contribuir e dialogar com o governo para que saia dessa situação”, explicou.
Na mesma linha o empresário, vice-presidente da Faciet e diretor do Sinduscon, Fabiano do Vale, diz que o momento não é propício para esta medida. “Não é a hora de fazer essa redução da carga horária. É ruim para o comércio e as pessoas dependem do poder público, e essa redução acaba afetando. Neste momento todo mundo tem que estar ativo, o comércio tem que estar firme e junto com os servidores públicos e com o governo do estado para sair dessa crise”, afirmou.
As entidades entendem a necessidade do Governo Estadual em reformular a sua máquina administrativa, por isso estão solicitando uma reunião com o Governador Marcelo Miranda para se colocarem à disposição por meio do diálogo e expor ao Governador, dados sobre o impacto desta medida para a economia.