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Projeto Campo Sustentável realiza primeira colheita de lavoura de sorgo na zona rural de Brejinho de Nazaré

Projeto Campo Sustentável realiza primeira colheita de lavoura de sorgo na zona rural de Brejinho de Nazaré Foto: Fernando Alves

Foto: Fernando Alves Projeto Campo Sustentável realiza primeira colheita de lavoura de sorgo na zona rural de Brejinho de Nazaré Projeto Campo Sustentável realiza primeira colheita de lavoura de sorgo na zona rural de Brejinho de Nazaré

O Governo do Tocantins realizou no último sábado, 25, a primeira colheita do projeto “Campo Sustentável”. As máquinas trabalharam em aproximadamente 25 hectares de terra da Fazenda Kehrle, zona rural de Brejinho de Nazaré, colhendo lavoura de sorgo para silagem que alimentará os animais durante o processo de integração proposto para a redução do desmatamento. O sorgo juntamente com mudas de caju, baru, ipê amarelo e roxo, foram plantados na penúltima semana de janeiro e recebem acompanhamento da equipe do projeto Campo Sustentável enquanto se desenvolvem.

O engenheiro florestal e coordenador do projeto Campo Sustentável, Clebson Lima, explicou que no plantio, as mudas das espécies arbóreas foram plantadas em linha com a distância de 24 metros entre elas, e que neste espaço restante foi plantada a primeira lavoura de sorgo, que servirá de alimento para o rebanho. Esse processo se repetirá até que as mudas alcançarem o tamanho indicado para dividirem espaço com o gado sem prejuízo.

“Como utilizamos o mesmo espaço, as mudas de caju, baru e ipê plantados em linha facilita a passagem dos caminhões durante a colheita do sorgo, sem afetar as espécies. Com o passar dos anos, que estimamos em cinco e seis anos aproximadamente, acreditamos que essas árvores tenham atingido um poste ideal que as permita dividir o pasto com o gado sem danificá-las, concluindo assim o processo de integração proposto pelo projeto”, explicou Clebson Lima.

Sustentabilidade

Segundo os proprietários da Fazenda, Aline Kehrle e Marcos Spinella, até então a produção da propriedade era direcionada para o gado de corte, e a ideia de ter na mesma área a cultura de lavoura e a implantação de floresta, agregada a preservação do solo, impactaram na decisão de aderirem ao projeto junto à gestora da proposta que é a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh), logo que a fazenda também possui um viés ecológico e sustentável.

“Sem dúvida a integração de lavoura, pecuária e floresta aumenta e diversifica a nossa produção em metros quadrado, o que é muito bom para a fazenda, pois teremos várias árvores que vão ajudar no sequestro de carbono e a segurar o solo, além de proporcionar sombra para o gado que melhora a sua produção. O projeto veio para somar, e alinhou com a nossa filosofia de trabalho, onde nos preocupamos em utilizar o gado como ferramenta de recuperação do solo, sem venenos, pesticidas, ou qualquer substância que contenha química”, disse Marcos Spinella.

Com o sucesso da primeira colheita, o proprietário Marcos Spinella diz que espera que ele também corresponda às expectativas do projeto que só tem a acrescentar na qualidade de vida e proteção do meio ambiente. “Finalmente vendo a colheita, a primeira de muitas lavouras, vejo a efetividade do projeto e que ele realmente funciona. Com o findar do contrato do projeto [18 meses] farei o meu melhor para dar continuidade na mesma proporção”, destacou Marcos.

Ações do projeto

Conduzido pela Semarh, o projeto Campo Sustentável realizou a aquisição de insumos e mudas de espécies nativas como: ipê amarelo, ipê roxo, caju e baru. Foram três mil unidades intercaladas plantadas em linha, ainda em janeiro de 2019, em 25 hectares.

Em um segundo momento com o apoio técnico da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), uma equipe especializada realizou a coleta de amostras de solo de uma pastagem degradada e posteriormente uma nova coleta será feita na área de integração. Com as análises químicas e físicas das amostras, os resultados devem ser comparados para observar se houve melhoria nas condições do solo, como a fertilidade.

Segundo o pesquisador Embrapa Florestas, Alexandre Uhlmann, a equipe tem contribuído na elaboração de um modelo de plantio que envolve espécies arbóreas nativas do cerrado associada com plantio de espécies anuais que possam contribuir com o aumento de conteúdo de material orgânico no solo.

“A perspectiva da Embrapa é de que esse modelo possa ser utilizado tanto em modelos produtivos, quanto em modelos de recuperação de áreas degradadas e em modelos de restauração de reservas legais. E para testar a eficácia do modelo proposto será feito o monitoramento periódico de parâmetros de qualidade, bem como o acompanhamento do desenvolvimento das mudas”, ressaltou Alexandre Uhlmann.

Projeto Campo Sustentável

Campo Sustentável é um projeto piloto que integra lavoura, pecuária e floresta (ILPF) em uma mesma área em prol da recuperação de áreas alteradas pelas atividades agropecuárias, como lavoura para pastagem de gado ou plantações de grãos. Assim, foi elaborado para garantir a redução do desmatamento aliado com o desenvolvimento das cadeias produtivas sustentáveis.

A proposta do projeto é implantar em 50 hectares de ILPF por 18 meses, em propriedades rurais selecionadas, onde a Fazenda Kehrle é a primeira parceira com 25 hectares, e uma segunda está em processo de seleção.

A Semarh é a gestora do projeto e captadora do recurso de aproximadamente U$ 372 mil (cerca de R$ 1,4 milhão), junto a Força dos Governadores para Clima e Florestas (GFC). O Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (Idesam) é o gestor financeiro, conforme determina o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), órgão vinculado à Organização das Nações Unidas (ONU), selecionado para intermediar o repasse de recursos aos estados por meio de instituições parceiras.

O projeto está dentro dos eixos trabalhados para a efetivação no Tocantins, do Programa Jurisdicional de Redução de Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD+), que visa assegurar e subsidiar programas de economia de baixo carbono, que diminuem as pressões de desmatamento e degradação e beneficiam as comunidades locais, considerando sempre as salvaguardas socioambientais.

Outras instituições envolvidas no projeto foram o Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins), que auxiliou na seleção da propriedade rural piloto, e a Embrapa que se associou com a Unitins no processo de análise do solo e suas condições.