Os moradores de Araguaína estão sendo orientados pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente a não plantarem a árvore neem ou nim, como é popularmente conhecida a espécie Azadirachta indica. O motivo é a toxicidade que prejudica o desenvolvimento das abelhas e outros insetos polinizadores. Além disso, por ser de grande porte, suas raízes arrebentam as calçadas, podem ocasionar um acidente na rede elétrica e invadem canos de água tratada e de esgoto.
De acordo com a secretária do Meio Ambiente, Fernanda Ribeiro, o cultivo da espécie só é benéfico quando é controlado. “Ela tem propriedades fitoterápicas comprovadas, é usada para produção de remédios, defensivos agrícolas e até mistura na ração para animais. Mas não é adequada para paisagismo e arborização urbana porque se torna prejudicial com o cultivo sem controle”, explicou.
Além de diminuir a polinização, a árvore prejudica a economia da produção de mel, uma das atividades econômicas da agricultura familiar. A apicultora de Araguaína, Maria Corrêa Alves, informou não ser a primeira vez que um município tomou essa decisão. “A cidade de Brejinho de Nazaré, no Tocantins, deixou de plantar o nim há 3 anos, quando perceberam que não existiam mais abelhas na cidade. Eu acho uma decisão acertada porque todos nossos enxames são capturados na cidade”.
Mais sombra e qualidade de vida
O plano de arborização urbana, que está em elaboração, já prevê a retirada dessas árvores e o plantio de outras espécies apropriadas, levando em consideração a largura da calçada e a existência de fios das redes de energia e de internet. As primeiras ações de plantio serão nos bairros Ana Maria, Morada do Sol, Jardim Vitória, Tocantins e Itaipu, e a Via Norte, que receberam infraestrutura por meio do Programa de Saneamento Integrado Águas de Araguaína.
“O plantio será durante o regime das chuvas e de mudas com mais de 1 metro de altura. Isso ajuda porque a planta menor não tem força para expandir suas raízes na terra que foi compactada pelas máquinas, usadas para construção da infraestrutura”, explica a secretária do Meio Ambiente.
Qual é o ideal?
Segundo o diretor municipal de Agricultura, Mário Vitória, espécies nativas são as mais adequadas para o plantio em área urbana. São exemplos de árvores de rápido desenvolvimento e sombra volumosa, as de médio porte: pau preto, oiti e pata de vaca; também as de grande porte sucupira, aroeira, canafistula. “Quando a calçada é pequena demais, deve ser plantado apenas plantas ornamentais, como a dama-da-noite, entre outras”, afirma Fernanda Ribeiro.