Conforme dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES), dos dias 1º a 21 de janeiro deste ano, foram confirmados 126 casos de Influenza A, do tipo H3N2; desse total dois casos acabaram evoluindo para óbito. Já em relação à covid-19, no mesmo período, foram registrados no Tocantins 17.941 casos da doença, sendo que do total, 19 evoluíram para óbito.
Tosse, febre, dores de cabeça e muscular são sintomas que têm confundido muitas pessoas nos últimos meses, isso porque os sinais podem ser indicativos de doenças respiratórias como a covid-19, H3N2, ou até mesmo uma infecção conjunta com a dengue.
Devido às chuvas e a presença de água parada, a dengue também é uma doença que anda circulando nesse período no Tocantins. Considerando as duas primeiras semanas do ano ocorreu um acréscimo de 405% no número de casos, em relação ao mesmo período do ano passado, sendo registrados 106 casos da doença nas duas primeiras semanas de 2022, contra 21 casos registrados em janeiro de 2021.
Cuidados
Com tantas doenças circulando e sintomas tão parecidos, o diagnóstico preciso só é possível a partir de testes e exames laboratoriais, como explica o médico infectologista que atua no Hospital Geral de Palmas (HGP), Alexandre Janotti. No caso de dengue, a conduta pode mudar, mas com as síndromes gripais, o médico destaca que a orientação e os cuidados iniciais são os mesmos. “A conduta vai ser a mesma, ficar em casa, manter a hidratação, repouso, não precisa ficar na cama, não fazer atividade física e tomar analgésicos comuns serão suficientes. Os quadros vão evoluir até o máximo de quatro dias de febre e depois vem a recuperação. No caso da covid-19, a pessoa vacinada vai evoluir de maneira muito tranquila e ficar em casa vai evitar sobrecarregar os sistemas de saúde e diminuirá a circulação do vírus. Depois disso, após sete dias e sem sintomas, a pessoa já pode retornar às atividades”, orienta o infectologista.
Porém, o médico ressalta que é preciso atenção com os sintomas e caso eles evoluam para um quadro mais grave a unidade de saúde deve ser procurada. “Obviamente tem os sinais de alarme, que aí sim a pessoa deve procurar o médico. São eles: vômitos, porque se a pessoa vomita ela não consegue se hidratar; falta de ar; dores abdominais que são persistentes. E claro, nas crianças, observar esses mesmos sintomas além de apatia e cansaço. Mas essas são situações que estão sendo exceção na rede de saúde, geralmente registramos casos moderados a leves”, destaca.
Variantes
Nos últimos meses do ano de 2021 e no primeiro mês de 2022, ficou demonstrado um aumento significativo de novos casos da covid-19 no Tocantins, porém, não é possível afirmar que o aumento de casos tenha sido provocado por uma única variante, como explica a superintende de Vigilância em Saúde (SVS) da SES, Perciliana Bezerra.
“Todos os casos suspeitos de covid-19 são notificados e confirmados por meio de testes. Dentro do universo de um número determinado de pacientes, e seguindo as diretrizes do Ministério da Saúde, essas amostras são enviadas para um laboratório específico para fazer sequenciamento genético, e a partir disso é possível determinar qual a variante que provocou a infecção daquele grupo. Até o momento, três variantes foram identificadas, como circulantes no Tocantins, são elas: Gama, Delta e Ômicron, então as contaminações podem estar sendo provocadas por alguma dessas três variantes”, ressaltou Perciliana Bezerra.
Flurona
Muita gente já deve ter ouvido falar também na flurona, apesar da forma de contaminação e dos sintomas, a superintendente de Vigilância em Saúde, Perciliana Bezerra, explicou que a flurona não é uma variante do coronavírus. “A flurona é o nome popular que foi dado à infecção dupla, em que uma pessoa está com vírus da Influenza (gripe) e do coronavírus (covid-19)”, explica.
A co-infecção tem sido mais comum principalmente porque a via de transmissão e a forma de contágio para as duas doenças é a mesma: os pacientes se contaminam pela fala, saliva, contato, objetos contaminados que levam à boca, entre outros. “A flexibilização nas medidas de prevenção e controle como, menor restrição em ambientes fechados, relaxamento das pessoas no uso da máscara e álcool, podem ter contribuído para esse cenário de aumento de casos dessas síndromes gripais”, destaca.
Prevenção
A descoberta do Sars-Cov-2, causador da covid-19, foi anunciada pela Organização Mundial da Saúde em 31 de dezembro de 2019. De lá para cá, dois anos se passaram, a vacina foi desenvolvida e novos medicamentos seguem em fase de estudos para combater o vírus. Mas, segundo o médico infectologista Alexandre Janotti, é difícil afirmar se o vírus um dia deixará de existir.
“Qualquer previsão é arriscada. Nós estamos ainda muito longe de saber o comportamento desse vírus. O que nós temos visto no resto do mundo, é que realmente a covid-19, no caso da Ômicron, tem um pico de alastramento altíssimo mas a velocidade de queda também é bem rápida, mas isso não define tudo, porque se você explode a transmissão, acaba atingindo pessoas que não completaram o ciclo da vacina, ou não vacinaram, ou então que tem alguma comorbidade”, pondera.
Até que a doença se torne endêmica, ou seja, ocorra de maneira habitual com um número de casos esperado e um padrão relativamente estável, as medidas de prevenção seguem recomendadas. “Evitar aglomerações, usar a máscara corretamente, não adianta usar máscara para ficar na orelha, lavar as mãos com frequência ou usar álcool gel, são as precauções que podemos e devemos tomar no dia-a-dia e claro, vacinar, pois só a vacinação garante que não se evolua para casos graves. E no caso da dengue, evitar água parada para que os mosquitos do Aedes aegypti não se reproduzam”, finaliza o infectologista.