A capoeira no Tocantins segue escrevendo capítulos importantes de sua história, e se consolidando cada vez mais como instrumento de cultura, resistência e identidade. Na última sexta-feira (28/2) Miracema do Tocantins foi palco de um momento histórico para a capoeira no Estado: a filiação oficial do grupo Ginga Lauê à Federação de Capoeira do Tocantins (FECATINS). O evento, marcado por celebração, reconhecimento e reafirmação da importância da capoeira, foi possível graças ao apoio e articulação do vereador de Miracema, Ghisley Martins.
A cerimônia contou com a presença de importantes lideranças políticas e culturais, entre elas o secretário de Estado da Igualdade Racial, Adão Francisco, os covereadores de Palmas do Coletivo Somos, Alexandre Peara e Luciely Oliveira, do Secretário Municipal de Igualdade Racial e Direitos Humanos de Palmas, José Eduardo de Azevedo, alem do Diretor da pasta Nélio Lopes. A presença das autoridades reforçou o compromisso crescente das instituições públicas com a valorização da capoeira e o fortalecimento das políticas de igualdade racial e promoção da cultura afro-brasileira no estado.
Para o presidente da Fecatins, Mestre Índio, a chegada do Ginga Lauê representa mais do que uma filiação formal, mas um símbolo de união e fortalecimento da capoeira tocantinense. “Hoje é dia de celebrar, mas também de reconhecer o caminho que nos trouxe até aqui. Quero dar as boas-vindas ao Ginga Lauê, que passa a integrar a nossa federação e fortalece ainda mais essa corrente de luta e resistência que é a capoeira. Também faço um agradecimento especial ao vereador Ghisley Martins, que abriu as portas do parlamento em Miracema para esse momento tão importante. Quando o poder público caminha junto com a capoeira, quem ganha é toda a sociedade”, destacou Mestre Índio.
O secretário Adão Francisco também fez questão de reafirmar o compromisso do Governo do Estado com a capoeira e com todas as expressões da cultura afro-brasileira no Tocantins. “A capoeira é um grito de liberdade que ecoa há séculos e precisa ser respeitada e apoiada. Por isso, já deixo aqui um convite especial: no dia 21 de março, Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial, queremos reunir todos os capoeiristas do Tocantins no Palácio Araguaia, para juntos mostrarmos a força dessa cultura e reafirmarmos seu espaço na construção de políticas públicas para o nosso Estado”, afirmou o secretário.
Representando o parlamento de Palmas, os covereadores do Coletivo Somos, Alexandre Peara e Luciely Oliveira, ressaltaram a importância da capoeira para a juventude, para a preservação da memória e para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. “O Coletivo SOMOS é um dos apoiadores históricos da capoeira em Palmas, e colocamos nosso mandato à disposição do vereador Ghisley Martins e de toda Miracema, para que possamos compartilhar e somar forças com os projetos que a capoeira e seus mestres têm construído junto com a gente em Palmas. Capoeira é resistência, é educação e é política pública de inclusão social”, destacaram os covereadores.
Já o secretário José Eduardo de Azevedo reforçou o papel da capital como referência para o estado. “Palmas quer ser espelho para todo o Tocantins no fortalecimento da capoeira. É uma determinação do nosso prefeito, Eduardo Siqueira Campos, que pediu um olhar especial, cuidadoso e carinhoso para a capoeira e suas comunidades. Esse momento em Miracema nos enche de orgulho, porque mostra que a luta dos mestres e mestras tem ecoado e buscado acima de tudo políticas públicas para seu fortalecimento, como deve ser”, afirmou o secretário.
Um dos momentos mais emocionantes do evento foi a fala de Mestre Vassoura, referência da capoeira em Miracema e no Tocantins e mestre do grupo Ginga Lauê. Ele compartilhou sua trajetória e o papel transformador que a capoeira exerceu em sua vida. “A capoeira me salvou. Me ensinou a caminhar, me deu um propósito e me fez mestre não só na roda, mas na vida. Tenho orgulho imenso dos meus alunos e alunas, das sementes que plantei e que hoje colhem seus próprios frutos. Se depender de mim e da minha companheira de caminhada, nossa contramestra Estrela, a capoeira nunca vai morrer em Miracema. Enquanto houver um berimbau tocando, haverá resistência e haverá futuro”, afirmou o Mestre Vassoura.