Vai até sábado (26), em Roma, a cerimônia de velório do Papa Francisco. Historicamente, rituais de despedida de grandes personalidades e líderes, geram grande comoção e mobilização, precisando de mais tempo para que as homenagens sejam realizadas e cumpridos todos os protocolos. Entre exemplos marcantes tivemos recentemente a Rainha Elizabeth II, que faleceu em 2022, cuja cerimônia de despedida durou 10 dias.
No caso do Papa Francisco, serão ao todo três dias de exposição em caixão aberto, o que exigiu uma preparação especial do corpo do pontífice, começando pelo seu embalsamamento imediato. A técnica é muito utilizada em sepultamentos tardios e levanta curiosidades de como é possível prolongar as homenagens sem gerar nenhum tipo de desconforto àqueles que vão dizer o último adeus.
Veja aqui algumas curiosidades sobre esse processo:
Embalsamamento x Tanatopraxia: São técnicas distintas, que variam tanto nos materiais utilizados quanto no tempo de conservação do corpo antes do sepultamento. O embalsamamento, usado no caso do Papa, permite que o corpo demore mais para iniciar o processo de decomposição e evita liberação de gases e odores. Junto com a técnica de resfriamento, ele pode conservar um corpo por até 30 dias. Já tanatopraxia é indicada para prazos de até 48 horas. Trata-se do método mais utilizado no Brasil, onde culturalmente o sepultamento ocorre em um período mais curto.
Passo a passo: A preparação do pontífice demandou cerca de 10 litros de fluido conservante – uma mistura de formol, álcool, água e corantes. O embalsamamento é feito em três etapas, que consiste na retirada de todo o sangue, seguido por um processo de limpeza e dissecação, e por último a aplicação do fluido nas veias. A quantidade de conservante leva em consideração fatores como peso, altura e o tempo de exposição do corpo antes do sepultamento. A causa da morte também pode ser um fator de decisão e que exige técnicas específicas durante a preparação, como massagem nas pontas dos dedos, para evitar coágulos visíveis.
Necromaquiagem: Aliada à tanatopraxia ou embalsamamento, essa técnica contribui para manter a aparência natural e serena do falecido. Cuida da cor e textura da pele, cobrindo possíveis coágulos ou hematomas, além de unhas e cabelos, inclusive lidando com a possibilidade de quedas repentinas dos fios após o falecimento e proporcionando uma aparência mais próxima da pessoa em vida.
De acordo com Roberto Santana, diretor de Operações do Grupo Zelo, maior empresa de serviços funerários do Brasil, são raros os casos de embalsamamento, mas não é uma prática exclusiva para personalidades. “Há casos em que o corpo precisa ser transportado para outra cidade ou país, por exemplo, e que é utilizado o embalsamamento para garantir essa conversação mais prolongada, sem perder o aspecto de naturalidade. A técnica é muito utilizada também em casos de morte violenta, justamente por ter essa limpeza mais profunda e retardar o processo de decomposição”, explica.
Em ambos os processos, embalsamamento e tanatopraxia, é importante que seja feito o mais rápido possível após a constatação do falecimento. “Essa agilidade é o que garante a dignidade ao falecido e conforto para a família. Preservando ao máximo os aspectos naturais do ente querido que faleceu”, completa o diretor do Grupo Zelo. (FSB)