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Meio Ambiente

Foto: Arquivo/Agência Brasil

Foto: Arquivo/Agência Brasil

O Brasil produz cerca de 100 milhões de toneladas de resíduos da construção civil por ano, mas ainda enfrenta enormes desafios para dar a destinação correta a esse material. Para dimensionar o cenário nacional e promover soluções sustentáveis, a Associação Brasileira para a Reciclagem de Resíduos da Construção Civil e Demolição (Abrecon) acaba de lançar o Mapa dos Lixões — um evento para contabilizar o número de lixões no Brasil e cobrar das autoridades ações para o seu encerramento.

O lançamento da ferramenta será marcado por um evento gratuito e online no dia 5 de junho, às 18h30, com transmissão ao vivo. Será o primeiro encontro voltado exclusivamente à discussão dos impactos sociais e ambientais do descarte irregular de resíduos da construção. Entre os palestrantes confirmados estão Hewerton Bartoli, presidente da Abrecon, Levi Torres, coordenador da entidade, e Rafael Teixeira, especialista em transporte e reciclagem de entulho.

Durante o evento, serão debatidos temas como a contaminação do solo, da água e do ar provocada por lixões clandestinos, além da proliferação de doenças e os impactos nas comunidades vulneráveis próximas a essas áreas. Dados do ICLEI apontam que os aterros sanitários são responsáveis por 4,4% das emissões globais de CO₂, número que pode ser ainda maior nos lixões, em função de incêndios frequentes e falta de controle ambiental.

“O Mapa Abrecon é uma ferramenta estratégica para empresas, governos e sociedade civil entenderem onde estamos falhando e o que precisa ser feito com urgência. A destinação incorreta de entulho gera sérios impactos ambientais, sociais e econômicos, e precisamos agir com dados concretos”, afirma Rafael Teixeira, especialista em reciclagem e logística de resíduos e palestrante do evento.

A plataforma também destaca os riscos de contaminação das águas subterrâneas e do solo, além dos prejuízos estruturais causados pela ocupação indevida de áreas aterradas com entulho, muitas vezes utilizadas para construções civis sem avaliação técnica adequada.

Além de evidenciar os locais com maior geração de resíduos, o mapa permite identificar regiões que carecem de infraestrutura para o reaproveitamento adequado, como usinas de beneficiamento, ecopontos e centros de triagem. Segundo a Abrecon, apenas uma fração do total de resíduos é reciclada no Brasil, apesar de seu alto potencial para uso em obras de infraestrutura.

Outro destaque do projeto é o estímulo à cooperação entre municípios. Cidades com boas práticas podem servir de exemplo para regiões com gestão ineficiente de resíduos, contribuindo para uma política nacional mais eficaz.

“O setor da construção civil precisa evoluir com responsabilidade ambiental. Ainda vemos muitos descartes ilegais, terrenos tomados por entulho e áreas urbanas degradadas. Este mapa pode ajudar a virar esse jogo, direcionando investimentos e estimulando a economia circular”, reforça Teixeira.

A plataforma é de acesso gratuito e foi construída com base em dados públicos, levantamentos técnicos e colaborações de especialistas. A expectativa é que seja atualizada continuamente com o apoio de prefeituras, órgãos ambientais, empresas e a sociedade civil.