Assunto muito comentado e discutido entre técnicos e pecuaristas por todo o Brasil, o ganho compensatório em bovinos de corte refere-se a um ganho de peso superior ao esperado para animais que passaram por um período de restrição alimentar. A moeda do pecuarista é a carcaça, ou seja, arrobas líquidas produzidas em determinado período. Sabendo disto, o questionamento principal a respeito do ganho compensatório é se realmente esse ganho de peso superior é convertido em carcaça.
Em períodos de restrição alimentar, a menor quantidade de nutrientes para o metabolismo do animal leva o organismo a reduzir o tamanho de órgãos (fígado, rins, coração, trato digestivo, entre outros), diminuindo o gasto energético para manutenção. Com o fim da restrição, os animais apresentam um ganho de peso maior, visto que a exigência energética está menor. Entretanto, o aumento do aporte de nutrientes e da taxa de crescimento exige que os órgãos que haviam diminuído de tamanho se desenvolvam novamente para suportar o novo metabolismo. Esse aumento do volume dos órgãos e de outros componentes não-carcaça, justifica um ganho de peso vivo superior, porém não resulta em ganho real de carcaça.
A proporção de tecidos que irão compor o ganho compensatório depende de vários fatores, como sexo, idade, tempo da restrição, etc., algo de difícil predição e exploração, pois, ainda assim o ganho pode ser nulo, parcial ou total. Dessa forma, boa parte do ganho compensatório pode ocorrer por aumento de tecidos e órgãos (coração, rins, fígado, trato digestivo, etc.) tornando sua exploração uma falsa ilusão, que será aferida somente no momento do abate dos animais, resultando em rendimentos de carcaça abaixo do potencial.
O outro lado da moeda
Através da suplementação (mineral, proteica e energética), o fornecimento de maiores níveis de nutrientes acelera a taxa metabólica do animal. Isso pode, de forma indireta, impactar o tamanho de órgãos essenciais para sustentar o maior crescimento e desenvolvimento, modificando assim a exigência de mantença do animal. No entanto, ao se optar pelo caminho da maior eficiência técnica e econômica, suplementando adequadamente os animais, é preciso ter em mente um programa de nutrição contínuo. Isso se deve ao fato de que os efeitos de uma restrição em uma fase seguinte seriam mais severos, podendo perder, de forma total ou parcial, o ganho obtido com a suplementação.
Planejamento é a palavra-chave para o sucesso de um programa alimentar de bovinos de corte. Ele garante uma dieta equilibrada que atenda às exigências nutricionais dos animais, visando o ganho desejado.
*Nathan Machado Cavalcante é zootecnista e consultor técnico de Bovinos de Corte da Premix.