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Saúde

Foto: Freepik/@gpointstudio

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A má distribuição de pediatras no Tocantins tem colocado barreiras importantes ao cuidado com as crianças. Enquanto o Brasil apresenta uma média de 94,72 pediatras por 100 mil habitantes com até 19 anos, o Tocantins conta com apenas 62,77 profissionais nessa proporção, de acordo com dados do estudo Demografia Médica no Brasil 2025, elaborado pela Universidade de São Paulo (USP). Com 299 pediatras registrados para atender 476.359 crianças e adolescentes, o estado se mantém abaixo da média nacional.

O estudo não detalha o percentual de especialistas que atuam nas capitais e os que estão no interior de cada estado. No entanto, revela uma tendência clara: 55,9% dos especialistas brasileiros estão concentrados nas capitais, 25,7% em médias cidades com até 300 mil habitantes, e apenas 0,5% atuam em cidades do interior. No Tocantins, esse padrão se repete. A maior parte dos pediatras está em Palmas, enquanto municípios menores convivem com a ausência total da especialidade.

A consequência direta dessa desigualdade é o agravamento de casos infantis que poderiam ser prevenidos com atendimentos regulares de puericultura — o acompanhamento pediátrico de rotina. Sem esse cuidado básico, crianças só acessam o sistema de saúde quando os quadros clínicos já estão avançados, o que sobrecarrega hospitais da capital, como o Hospital Geral de Palmas (HGP), referência estadual.

“As crianças chegam a Palmas com doenças em estágio avançado, porque em seus municípios não há pediatras para fazer o acompanhamento precoce. Isso gera um efeito cascata de sobrecarga nos maiores hospitais, com profissionais exaustos e estruturas que não conseguem dar conta da demanda”, explica Isabella Ayres Alfonso Cavalcante, pediatra e professora do curso de pós-graduação em Pediatria da Afya Educação Médica de Palmas.

A situação é agravada pela falta de infraestrutura hospitalar nas redes municipais e pela baixa remuneração. “Muitos médicos formados aqui vão se especializar em outros estados, mas não retornam por falta de condições de trabalho e valorização. Isso impede o fortalecimento de redes locais de atenção básica e contribui para a desigualdade no acesso”, afirma Isabella.

Outro fator que afasta os profissionais do interior, segundo ela, é a falta de estrutura adequada e de segurança nas unidades de saúde. Mesmo quando há interesse por parte dos médicos em atuar fora dos grandes centros, muitos desistem diante da precariedade das condições de trabalho.

Qualificação médica

Uma das alternativas para enfrentar a má distribuição de pediatras é investir na formação continuada de médicos, com foco na prática clínica em contextos diversos. É o que propõe o curso de Pós-Graduação em Pediatria Geral da Afya Educação Médica de Palmas, que oferece uma grade curricular completa, baseada em evidências científicas, com abordagem prática e abrangente.

O curso é ministrado por profissionais com experiência reconhecida e foco na sistematização do atendimento a crianças e adolescentes em diferentes realidades — desde centros urbanos até localidades com baixa cobertura especializada. Além de incentivar o estudo, a formação dá segurança ao profissional para fazer a diferença na vida das crianças e suas famílias.

A especialização tem atraído médicos de diversas regiões do estado, principalmente do interior, que vêm à capital para as aulas práticas e depois retornam às suas cidades com uma formação mais sólida.

“A maioria dos nossos alunos da pós não é de Palmas. Eles retornam aos seus municípios mais bem preparados para oferecer um atendimento de qualidade e ampliar o acesso da população pediátrica aos cuidados básicos e especializados”, explica Isabella.

Além de Pediatria, a instituição dispõe das especialidades: cardiologia, dermatologia, endocrinologia, psiquiatria e ultrassonografia. (Cênicas/AI)