Desde que me entendo por gente, a medicina não foi uma escolha, mas um chamado. A imagem do médico, com sua capacidade de aliviar a dor e trazer esperança, sempre me moveu. Mesmo entendendo que esta jornada é menos sobre ser um super-herói e mais sobre anos de dedicação, estudo e muitas horas de sono mal dormidas em plantões intermináveis. Ainda assim, a paixão me levou a uma trajetória que começou na sala de exames e, com o tempo, me conduziu também às salas de reunião. Hoje, vivo o desafio e o privilégio de ser médico e gestor, uma dualidade que enriquece minha visão sobre o que realmente significa cuidar.
Muitos veem a gestão como um afastamento da prática médica, um caminho de planilhas e indicadores que nos distancia do paciente. Para mim, foi o contrário. Foi na gestão que encontrei uma nova forma de exercer a medicina, em uma escala diferente. Quando me vi diante do desafio de liderar um importante hospital pela primeira vez, percebi que cada decisão estratégica, cada otimização de processo e cada investimento em tecnologia tinham um impacto direto na ponta: no atendimento que chega a cada paciente que confia em nosso trabalho.
Gerenciar um hospital é como reger uma orquestra complexa. Cada membro da equipe — da recepção à UTI, da limpeza ao centro cirúrgico — desempenha um papel vital. Minha experiência à beira do leito me deu a sensibilidade para entender as necessidades de cada um desses profissionais e, principalmente, para nunca esquecer o porquê de estarmos todos ali: o paciente. É por isso que acredito em uma gestão participativa, onde as decisões estratégicas são construídas com base na experiência de quem vive o dia a dia da saúde.
Essa filosofia nos permitiu alcançar marcos importantes. A recente conquista da acreditação ONA 3, o mais alto nível de excelência em qualidade e segurança do paciente, em uma de nossas principais unidades, não foi um feito da diretoria, mas de um time inteiro comprometido com um propósito. É a prova de que, quando a gestão e o cuidado andam de mãos dadas, a excelência se torna uma consequência natural.
Hoje, ao participar do planejamento estratégico de um grande grupo de saúde, levo comigo as lições aprendidas em cada corredor de hospital. A paixão pela medicina continua sendo minha bússola, guiando-me para construir um sistema de saúde que seja não apenas eficiente, mas profundamente humano.
A caminhada é longa e os desafios são imensos, mas a satisfação de ver uma vida transformada pelo nosso trabalho coletivo renova minhas energias. Essa não é apenas a minha jornada, mas a de todos os colegas que, em cada canto do Estado do Tocantins e do País, dedicam suas vidas ao nobre ato de cuidar. Que essa chama continue a nos mover, seja à beira do leito ou na liderança de grandes projetos.
*Guilherme Coutinho Borges é médico, cirurgião geral, urologista e diretor dos hospitais da Rede Medical, da Kora Saúde. Também é diretor dos hospitais da Kora Saúde em Goiânia e no Mato Grosso.