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Economia

Algumas obras essenciais seguem em ritmo acelerado, como a Ponte JK, em Aguiarnópolis/TO, que, depois de desabar, está com 75% das obras de reconstrução concluídas

Algumas obras essenciais seguem em ritmo acelerado, como a Ponte JK, em Aguiarnópolis/TO, que, depois de desabar, está com 75% das obras de reconstrução concluídas Foto: Divulgação/DNIT

Foto: Divulgação/DNIT Algumas obras essenciais seguem em ritmo acelerado, como a Ponte JK, em Aguiarnópolis/TO, que, depois de desabar, está com 75% das obras de reconstrução concluídas Algumas obras essenciais seguem em ritmo acelerado, como a Ponte JK, em Aguiarnópolis/TO, que, depois de desabar, está com 75% das obras de reconstrução concluídas

Apesar da vasta biodiversidade e potencial econômico existentes no Norte, a região ainda enfrenta gargalos históricos que dificultam o desenvolvimento sustentável e a expansão das cadeias produtivas regionais. De acordo com o estudo divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), nessa quarta-feira (15), os principais entraves estão nos setores de transporte e infraestrutura, que impactam diretamente no Custo Amazônia.

O estudo da CNI aponta que 74% dos empresários industriais consideram as condições de infraestrutura da região como regular, ruim ou péssima, enquanto a média nacional é de 45%. Já os dados do Tribunal de Contas da União (TCU) mostram que, até abril deste ano, havia um total de 56 obras em andamento, das quais 20 encontravam-se paralisadas no Pará, equivalente a 35,7%. O orçamento previsto para essas iniciativas é de R$ 208 milhões, sendo que R$ 88,8 milhões correspondem às obras que não estão em execução no momento. Em relação aos repasses federais, já foram aplicados R$ 58,7 milhões, dos quais R$ 17,8 milhões foram direcionados a empreendimentos que seguem parados.

De igual modo, o segmento de transportes paraense também é limitante, conforme indica o TCU, 24% das obras do setor no Estado estavam paralisadas. O valor previsto para todas as obras do setor soma R$ 3,9 bilhões, sendo que R$ 858 milhões correspondem apenas às que estão atualmente interrompidas. Em relação aos recursos federais já investidos, o montante chega a R$ 2,9 bilhões no total, dos quais R$ 600 milhões foram destinados às obras que estão paralisadas até o momento.

Produzir na Amazônia ainda é um desafio marcado por desigualdades estruturais profundas. O presidente da Federação das Indústrias do Estado do Pará (FIEPA), Alex Carvalho, destaca o chamado Custo Amazônia. Esse termo reflete uma combinação de gargalos logísticos, deficiências básicas e lentidão institucional que comprometem a competitividade da indústria e travam o desenvolvimento regional.

“Enquanto outras regiões do país consolidam avanços na indústria 4.0, a Amazônia ainda convive com gargalos estruturais elementares. Estradas intransitáveis, baixa conectividade digital, saneamento precário e oferta instável de energia formam um ambiente que eleva significativamente o chamado Custo Amazônia. Esses entraves impactam diretamente a competitividade, encarecem insumos, dificultam o escoamento da produção e desestimulam investimentos estratégicos. Projetos capazes de diversificar a matriz econômica e gerar empregos locais enfrentam morosidade e barreiras burocráticas, enquanto outros centros avançam com celeridade. Soma-se a isso a subutilização da nossa vocação hidroviária e a carência de infraestrutura logística integrada. Enfrentar esse cenário exige uma agenda realista e estratégica, com investimentos consistentes em rodovias, ferrovias, hidrovias, conectividade e inovação tecnológica. Não se trata apenas de melhorar a infraestrutura física, mas de criar condições efetivas para que a Amazônia seja competitiva, produtiva e integrada ao desenvolvimento nacional”, ressalta o presidente da FIEPA.

Obras prioritárias para ampliar a integração da Região Norte

O presidente da CNI, Ricardo Alban, também reforça que a Região Norte desempenha papel estratégico no desenvolvimento sustentável do Brasil, sobretudo por conta de suas riquezas em biodiversidade e recursos naturais. No entanto, o déficit de infraestrutura tem restringido esse protagonismo.

“As deficiências em rodovias, a baixa integração energética, os entraves no transporte hidroviário e as limitações no acesso a serviços essenciais impactam negativamente a qualidade de vida da população e elevam os custos logísticos, desestimulando os investimentos”, destaca Alban.

O trabalho da CNI lista outras obras prioritárias para destravar a infraestrutura do Norte. Entre elas estão a ampliação da navegabilidade da Hidrovia Araguaia-Tocantins, por meio do derrocamento do Pedral do Lourenço; a conclusão da ponte sobre o Rio Xingu, na Transamazônica; a pavimentação do trecho central da BR-319, entre Porto Velho e Manaus; e a implantação da Ferrogrão (EF-170).

Outro estudo do Governo Federal informa que o traçado final da Ferrovia Norte-Sul, cuja concessão está prevista para ser leiloada no próximo ano, deve criar uma nova alternativa logística em direção ao Norte do país. A expectativa é que a ferrovia amplie os corredores de exportação para produtos como grãos, celulose, combustíveis e minérios.

De acordo com estimativas do relatório, a nova rota tem potencial de movimentar cerca de R$ 8,5 bilhões anuais, beneficiando produtores rurais, mineradoras, indústrias, além de governos estaduais e municipais e a população, com a geração de empregos e novos serviços.

Esses indicadores evidenciam como há um déficit estrutural que impacta diretamente a qualidade de vida da população, além de dificultar a atração de investimentos e a instalação de novos empreendimentos industriais.

“Diante desse cenário, é urgente que políticas públicas e investimentos priorizem não apenas os corredores logísticos e os projetos de exploração e integração energética, mas também a ampliação de serviços básicos de saneamento. A superação desses obstáculos é condição fundamental para garantir um ambiente de negócios mais favorável, capaz de impulsionar o desenvolvimento sustentável e inclusivo da Região Norte”, pontua Roberto Muniz, diretor de Relações Institucionais da CNI.

A dotação autorizada para investimentos do Ministério dos Transportes e do Ministério de Portos e Aeroportos foi equivalente a R$ 13,7 bilhões em 2024. Deste montante, estava previsto R$ 3,6 bilhões para a Região Norte, sendo que R$ 3,8 bilhões efetivamente pagos (incluindo restos a pagar pagos).