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Opinião

Foto: Freepik

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Bruno tem um canal no Instagram recheado de fotos sem camisa. Com 130 mil seguidores, ele diz que faz humor utilizando-se de situações engraçadas que acontecem no dia a dia. Para falar do picadinho que estava preparando em sua casa esta semana, em vez de mostrar a comida, ele preferiu ostentar o corpo. Hoje, cobra R$ 16,99 por assinante para participar do chat privado.

Thiago alega que é modelo. Fazendo campanhas de sucesso para marcas como Amazon, Phillips, Paco Rabanne e Renner, ele adora exibir o shape musculoso na plataforma. Cobrando R$ 7,99 para que um grupo seleto de 300 mil usuários tenham acesso a conteúdos exclusivos, o seu último desfile para o São Paulo Fashion Week parece ter terminado bem longe das passarelas.

Rafael mora em uma van e gosta de rodar o mundo com o seu cachorro. Entre uma viagem e outra, o cenário é sempre o mesmo: em vez de paisagens, o que se vê é testosterona. Fazendo musculação ao ar livre para 120 mil internautas, aparenta nem precisar trabalhar. Entretanto, um vídeo erótico superproduzido que vazou em um conhecido site adulto aponta o contrário.

O que está por trás deste exibicionismo todo? Para a psicologia profunda, ciência fundada em 1900 pelo médico austríaco Sigmund Freud, quando o indivíduo tem a intenção de se exibir pornograficamente para se relacionar ou se envolver sexualmente com muitas pessoas ao mesmo tempo, existe uma fantasia inconsciente de contaminação que permeia a sua mente.

Para o seu psiquismo, quanto maior a exposição sexual, maiores as chances daquele sujeito adquirir uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST). Assim, o que o aparelho psíquico quer é destruir algo no interior daquela pessoa que está relacionado ao sexo. Na grande maioria dos casos, é a sexualidade dos pais o alvo pretendido, levando-a a destruir os seus referidos genitais.

No caso de Bruno, Thiago, Rafael e o de muitos outros rapazes que postam fotos seminuas na web, há, ainda, o fator prostituição que aparece de forma mascarada. Isto é: na intenção de destruir os genitores, ainda se faz necessário enganá-los passando-se por um personagem que utiliza a beleza para seduzir quem acredita que eles estão ali sem nenhuma outra intenção.

Pegando carona com o OnlyFans, serviço por assinatura que oferece material erótico na rede para 377,5 milhões de pessoas e que apresentou crescimento de 24% este ano, os que gostam da “biscoitagem” digital se inspiram cada vez mais no modelo de trabalho dos atores pornô da nova geração, bastando um celular na mão, poses sensuais e usuários pagantes pela exibição.

Uma vez que Leonid Radvinsky, proprietário do hotsite, fez uma fortuna acumulada em R$ 3,8 bilhões cobrando 20% sobre o faturamento de cada estrela sexual que exibe, por que o cidadão comum deveria perder esta oportunidade? Afinal, desde que iniciou suas atividades como ator online, Thomaz Costa tem uma boa renda mensal, chegando a faturar até R$ 150 mil por mês.

É por isso que o gostosão da academia não cola mais. Mesmo sem rentabilizar financeiramente as suas performances eróticas, ele vende a sua popularidade por meio de curtidas e comentários aparentemente despretensiosos, fazendo com que a estrutura da sua rede social se comporte como uma indústria engendrada para funcionar a partir da prostituição desenfreada do corpo.

Um peitoral aqui, uma curtida ali. Bíceps lá, um comentário acolá. Pelos pubianos para você? Só se ele também estiver fazendo uma boa receita de suflê. Portanto, da próxima vez que estiver rolando o seu feed e aparecerem rapazes atraentes em excesso deslizando suor na tela do seu monitor, lembre-se que a aparência engana. Tem gente que só quer saber é de muita grana.

*Renan Cola é psicanalista, formado em Psicanálise pelo IBCP Psicanálise, maior escola de psicologia profunda do país, atendendo com excelência mais de 10.000 pacientes na última década. Ao longo dos 20+ anos de carreira voltada à clínica psicanalítica, escreveu artigos sobre comportamento humano para veículos comunicacionais de ampla abrangência, como: CBN, Psique, Mistérios da Mente, Estado de Minas, O Tempo, Hoje em Dia, Diário do Nordeste, Administradores e Empresas & Negócios.