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Saúde

Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

O Dia Mundial do Diabetes, celebrado em 14 de novembro, chama a atenção para a necessidade de ampliar a informação sobre uma das doenças crônicas mais prevalentes no mundo. O diabetes ocorre quando o corpo não produz insulina ou não consegue utilizá-la de maneira adequada — o que provoca o aumento da glicose no sangue e, com o tempo, pode levar a complicações graves.

“É uma condição que merece toda a nossa atenção. No Brasil, um em cada dez adultos tem diabetes, e metade ainda não sabe. Em 2024, foram registradas 3,4 milhões de mortes no mundo relacionadas à doença”, destaca a endocrinologista da Rede Medical, Thayssa Boechat.

Existem diferentes tipos de diabetes, cada um com características específicas. O tipo 1 é uma doença autoimune, em que o corpo deixa de produzir insulina; costuma surgir na infância ou adolescência. Já o tipo 2 é o mais comum e ocorre quando o organismo cria resistência à insulina produzida, sendo fortemente associado a hábitos de vida, obesidade e sedentarismo.

Há ainda o diabetes gestacional, que aparece durante a gravidez, além de outros tipos menos frequentes ligados a doenças do pâncreas, alterações genéticas e uso de determinadas medicações.

Os sintomas podem variar e, muitas vezes, nem aparecem nas fases iniciais, o que torna o diagnóstico tardio. Entre os sinais mais clássicos estão aumento da sede, urina em excesso, fome intensa e perda de peso sem explicação. Também podem surgir cansaço, tontura, dificuldade de cicatrização e formigamentos. “É uma doença frequentemente silenciosa. Por isso insistimos tanto no rastreamento adequado, principalmente em pessoas com fatores de risco”, reforça a médica.

Leia também: Estilo de vida é a principal ferramenta na prevenção do diabetes tipo 2

Principais fatores 

O Brasil está entre os dez países com maior número absoluto de pessoas com diabetes. Estimativas da International Diabetes Federation revelam que cerca de 16,6 milhões de adultos convivem com a condição no país.

Excesso de peso, sedentarismo, alimentação rica em ultraprocessados, histórico familiar, idade acima de 45 anos, hipertensão, colesterol alto, apneia do sono e tabagismo são alguns dos principais fatores que aumentam o risco. Entre as mulheres, condições como síndrome dos ovários policísticos e diabetes gestacional prévio também merecem atenção.

Os hábitos de vida têm papel fundamental tanto na prevenção quanto no controle. A endocrinologista explica que perder peso, manter alimentação equilibrada e praticar atividade física regularmente são atitudes capazes de reduzir em até 50% o risco de desenvolver diabetes tipo 2 em pessoas predispostas.

No campo da alimentação, ela orienta priorizar refeições fracionadas, carboidratos complexos, proteínas magras e fibras, além de evitar bebidas açucaradas, doces e excesso de farinhas refinadas. “Não existe dieta única. O ideal é um plano alimentar individualizado, construído com o nutricionista e alinhado à rotina e às preferências de cada pessoa”, afirma Boechat.

Rastreamento precoce é decisivo

O diagnóstico é feito por exames simples de sangue, como glicemia de jejum, hemoglobina glicada e teste de tolerância à glicose. Pessoas sem fatores de risco devem iniciar o rastreamento por volta dos 40 a 45 anos. Já quem tem histórico familiar, sobrepeso ou outras condições associadas precisa investigar mais cedo e com maior frequência.

Sem tratamento adequado, o diabetes pode afetar diversos órgãos, causando problemas cardiovasculares — como infarto e AVC —, além de complicações nos rins, na visão, nos nervos e nos pés, com aumento do risco de infecções e amputações. Também estão associados à doença quadros de depressão, disfunção sexual e perda de qualidade de vida.

A boa notícia é que os tratamentos evoluíram de forma significativa nos últimos anos. Hoje, há medicamentos modernos que auxiliam no controle da glicemia e atuam na pressão arterial, no peso, na insuficiência cardíaca e em outras condições associadas.

Além disso, dispositivos de monitorização contínua de glicose, como sensores digitais, permitem acompanhar as variações glicêmicas durante todo o dia, sem a necessidade de múltiplas picadas no dedo. “Essas tecnologias trouxeram mais segurança, autonomia e eficácia ao tratamento. Elas mudaram a forma como acompanhamos e ajustamos a terapia”, ressalta a especialista.

O acompanhamento médico deve ser personalizado. Em geral, as consultas com o endocrinologista ocorrem a cada três meses até que a glicemia esteja controlada, sempre associadas ao acompanhamento nutricional. Também é recomendado monitorar regularmente rins, visão e saúde cardiovascular.

“Se você tem fatores de risco ou sintomas, não adie: procure orientação e faça os exames. E se já tem diagnóstico, não se culpe e não desista. Com acompanhamento adequado, alimentação ajustada, atividade física e a medicação correta, é possível ter uma vida longa, ativa e com qualidade”, alerta a endocrinologista Thayssa Boechat.