A mistura de bebidas alcoólicas com energéticos tem se tornado cada vez mais comum em festas e baladas, especialmente nos chamados “copões”. Embora popular, essa combinação representa riscos à saúde bucal, já que o consumo de álcool favorece a erosão dentária — processo que se intensifica quando associado às bebidas energéticas.
O álcool é prejudicial não apenas ao organismo, mas também aos dentes. Algumas bebidas alcoólicas apresentam alto grau de acidez, o que contribui para o enfraquecimento do esmalte dentário e para a perda progressiva de tecido, condição conhecida como erosão dentária.
As bebidas gaseificadas e ricas em açúcar, como os energéticos, também favorecem a erosão do esmalte e o surgimento de cáries. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), não existe uma quantidade segura para o consumo de álcool, e a associação com energéticos torna essa prática ainda mais nociva à saúde.
A coordenadora do curso de Odontologia da Afya Faculdade de Ciências Médicas de Porto Nacional, Fernanda de Sá, explica os principais problemas causados por essa combinação.
“A mistura de energético com álcool é prejudicial aos dentes devido à alta acidez e ao excesso de açúcar, além do fato de o energético mascarar os efeitos do álcool. Com pH muito baixo, entre 2,3 e 3,5, os energéticos provocam desmineralização imediata do esmalte, com perda de cálcio e fosfato. A combinação de açúcar e álcool favorece a produção de ácidos pelas bactérias, somando o risco de cárie à erosão química.”
O consumo prolongado, no entanto, é um dos principais fatores para o agravamento desses problemas, destaca a especialista. “A desidratação causada pelo álcool e pela cafeína reduz o fluxo salivar, prolongando a ação dos ácidos sobre o esmalte. O consumo frequente, em pequenos goles e por longos períodos — prática comum em festas — mantém o pH baixo por mais tempo e aumenta a exposição dos dentes, agravando os danos. O resultado pode ser a perda de brilho, sensibilidade dentária e até a exposição da dentina, com lesões erosivas em diferentes superfícies.”
5 dicas para reduzir os danos do consumo de álcool e energéticos nos dentes:
Apesar dos riscos à saúde, quando feito de forma moderada e com alguns cuidados simples, é possível reduzir os impactos da mistura de álcool com energético sobre os dentes.
1 - Intercale com água
Beber água entre as doses ajuda a manter a boca hidratada, estimula a produção de saliva e reduz a acidez provocada pelo álcool, energéticos e bebidas isotônicas.
2 - Evite escovar os dentes logo após o consumo
Bebidas ácidas amolecem temporariamente o esmalte dentário. O ideal é aguardar cerca de 30 minutos antes da escovação para evitar desgaste dental.
3 - Reduza a frequência e o tempo de exposição
Moderar o consumo e evitar ingestão contínua por longos períodos diminui o tempo de contato das bebidas com os dentes, reduzindo o risco de erosão e cáries.
4 - Prefira estratégias que diminuam o contato com os dentes
O uso de canudo e a escolha de bebidas menos ácidas ou açucaradas ajudam a reduzir o impacto direto sobre o esmalte dental.
5 - Mantenha cuidados contínuos com a saúde bucal
Higiene adequada, uso de produtos sem álcool e consultas regulares ao dentista são fundamentais para prevenir e identificar danos precocemente.
Alguns hábitos adotados após o consumo dessas bebidas podem agravar a situação da saúde bucal, alerta a Dra. Fernanda.
“Escovar os dentes logo após beber é um erro, pois pode arranhar o esmalte já fragilizado pela ação dos ácidos. O uso de cítricos, como chupar limão ou adicionar frutas ácidas às bebidas para ‘limpar o paladar’, aumenta ainda mais a acidez da boca. Mascar balas duras ou pastilhas ácidas potencializa os danos ao unir açúcar, ácido e atrito sobre o esmalte. Beber energético gelado não reduz os prejuízos aos dentes, apenas altera a sensação térmica, sem modificar a acidez da bebida. Já o consumo de café e o uso de cigarro após a festa reduzem o fluxo salivar, favorecendo a erosão dentária.”
Apesar dos riscos, os impactos do consumo de álcool e energéticos podem ser minimizados com moderação e cuidados antes e após a ingestão. Atenção à hidratação, à higiene bucal e ao tempo adequado de escovação contribuem para reduzir os danos aos dentes. Em casos de sensibilidade, desconforto ou consumo frequente, a orientação é procurar um dentista para avaliação e acompanhamento adequados.