Fevereiro já chegou, e com ele, o clima de festa se espalha pelo Brasil. Em várias cidades, os blocos já tomaram as ruas, antecipando a folia do Carnaval de 2025, que será celebrado em março. Em Goiânia, por exemplo, a expectativa é alta: no dia 22 de fevereiro, cerca de 150 mil pessoas devem participar do pré-Carnaval. Com mais de 40 atrações locais e nacionais, a programação promete animar os foliões com ritmos diversos, incluindo shows de Maíra Lemos, Grace Carvalho, Fausto Noleto, Durval Lelys, Banda Parangolé e Chiclete com Banana.
Mas além da música e da animação, a festa também exige atenção a alguns cuidados com a saúde, que não podem ser deixados de lado. O Carnaval é época de diversão e muitos momentos de carinho, mas também de maior exposição a doenças transmitidas pelo contato com a saliva. Com isso, surgem os cuidados necessários, principalmente quando o assunto é um dos maiores símbolos da folia carnavalesca: o beijo.
De acordo com a cirurgiã-dentista Karyne Magalhães, presidente da Associação Brasileira de Halitose (ABHA), o beijo, embora seja um gesto natural de afeto e celebração no Carnaval, pode ser uma via de transmissão de doenças. “Além de ser um excelente estimulante para a liberação de hormônios de prazer, o beijo também facilita a troca de germes, podendo levar à transmissão de doenças como herpes labial, mononucleose — conhecida como a doença do beijo — e até infecções mais graves, como hepatite B e C”, explica Karyne. Ela complementa que, embora o beijo seja uma forma de interação social comum, a proximidade com muitas pessoas, especialmente em blocos lotados, aumenta o risco de contato com essas doenças. “Em eventos como o Carnaval, a convivência em espaços fechados e o contato físico intenso favorecem a troca de microrganismos”, alerta a cirurgiã-dentista.
Um dos principais riscos, segundo Karyne, está no compartilhamento de saliva, que é uma das principais formas de contágio de algumas doenças. “A herpes labial (HSV-1), que se manifesta com feridas ou bolhas nos lábios, é uma das infecções mais comuns. O risco de contágio é maior quando o vírus está em fase ativa”, diz ela. “É muito comum as pessoas se exporem ao vírus sem saber, já que a infecção pode ser transmitida mesmo sem sintomas aparentes. Beijar durante um surto, com bolhas visíveis, aumenta o risco de contágio, especialmente se a outra pessoa não tiver sido exposta ao vírus anteriormente".
Além disso, Karyne explica que a mononucleose, conhecida como "doença do beijo", é outra infecção que circula mais facilmente durante o Carnaval. “A mononucleose é causada pelo vírus Epstein-Barr e, embora nem todos apresentem sintomas graves, ela pode ser bastante debilitante, com sintomas como febre, dor de garganta e cansaço extremo”, alerta Karyne. Ela ainda lembra que o contágio por esse vírus é mais comum quando o sistema imunológico está enfraquecido, o que ocorre após longos períodos de diversão e exaustão durante a folia.
A hepatite B e C também podem ser transmitidas pela saliva, embora em menor grau, mas o risco aumenta caso haja lesões ou sangramentos nas gengivas. “A principal recomendação é cuidar da saúde bucal, usar creme dental com flúor e, se possível, evitar o contato íntimo quando houver feridas na boca ou gengivas”, afirma Karyne. Sobre outras infecções como a sífilis, embora o beijo não seja uma via predominante de transmissão, Karyne reforça que o contato com lesões infecciosas pode aumentar as chances de contágio. “As ISTs podem ser transmitidas de diversas formas, e a boca, com suas membranas mucosas e a troca de saliva, pode ser um meio eficaz, embora menos comum”, observa a especialista.
Karyne também destaca a importância de cuidar não apenas da higiene bucal, mas também de observar sinais de problemas durante a folia. “A limpeza bucal correta, como o uso de fio dental, escovação após as refeições e o uso de enxaguante bucal, pode reduzir a proliferação de bactérias e vírus na cavidade oral. E, caso perceba qualquer sinal de infecção ou ferida, o mais seguro é evitar o contato em qualquer situação”, recomenda a dentista.
Por fim, Karyne sugere que, embora seja impossível controlar todos os fatores durante uma festa de grande porte, atitudes simples podem fazer toda a diferença. “Manter uma boa higiene oral, evitar contato com pessoas que tenham sinais de infecção visíveis e, em casos de cansaço excessivo, preferir descansar em vez de se expor ao risco de contágio são formas simples e eficazes de proteger a saúde durante o Carnaval. Lembre-se: é importante curtir com responsabilidade, não apenas pela sua saúde, mas pela de todos ao seu redor”, conclui Karyne.