O tradicional "Dia da Mentira", celebrado neste 1º de abril, carrega consigo a leveza das brincadeiras e dos trotes inofensivos, enraizados na cultura popular. No entanto, em um cenário digital saturado de informações, a data serve como um alerta importante para a tênue linha que separa a diversão da perigosa disseminação de desinformação e fake news.
A temática foi central no programa Cidadania em Foco, uma produção do Ministério Público do Tocantins (MPTO) em parceria com a Rádio UFT FM. A promotora de Justiça Isabelle Figueiredo foi a convidada para debater os contornos da desinformação, seus impactos diretos nos direitos da população e o papel ativo do Ministério Público no enfrentamento desse problema contemporâneo.
Brincadeira x propósito malicioso
Isabelle Figueiredo traçou um paralelo entre as "mentirinhas" características do 1º de abril e a natureza nociva da desinformação. Segundo a promotora, o Dia da Mentira, culturalmente estabelecido, permite uma "maior liberdade para pequenas mentiras", aquelas sem a intenção de causar prejuízo, como um atraso justificado de forma leve ou um elogio exagerado em tom de brincadeira.
Contudo, a situação assume contornos graves quando a falsidade é utilizada com um objetivo claro de prejudicar. "Quando a gente distorce a realidade com o fim de causar um mal a uma comunidade, a um grupo específico, à sociedade como um todo ou a uma pessoa, mesmo que a uma única pessoa, aí a gente pode incorrer numa série de crimes", enfatizou a promotora de Justiça, alertando para as consequências legais da desinformação mal-intencionada.
Fake news e consequências reais
A promotora de Justiça explicou que o termo "fake news", embora recente, designa informações criadas com o propósito de desinformar e enganar, muitas vezes com sérias implicações. Ela citou exemplos históricos, como boatos de rompimento de barragens que levaram ao caos em comunidades, e a atual problemática da disseminação de notícias falsas sobre vacinação, que pode comprometer a saúde pública e levar ao ressurgimento de doenças controladas.
"Existe todo um contexto grave que envolve toda a coletividade por essas mentiras com cunho de perversidade, de causar um mal. Essas mentiras a gente não pode admitir", declarou a promotora, sublinhando a responsabilidade coletiva no combate à desinformação.
MPTO em defesa da verdade
Diante do crescente desafio da desinformação, o Ministério Público do Tocantins tem intensificado sua atuação. Isabelle Figueiredo ressaltou que a defesa do regime democrático, uma das missões constitucionais do MPTO, passa necessariamente pela proteção da verdade e pelo combate à propagação de informações falsas.
Para isso, a instituição tem investido no fortalecimento da sua comunicação com a sociedade, buscando levar informações claras e precisas para evitar que a população seja induzida ao erro. "É preciso que nós tenhamos credibilidade social para que nós possamos informar as pessoas de forma que elas não tenham dúvida da informação que elas recebem do Ministério Público", destacou.
A atuação do Ministério Público não se limita apenas à esfera pública. Crimes contra a honra, como calúnia, difamação e injúria, condicionadas à representação da vítima, podem ser alvo da atuação do Ministério Público quando disseminados em larga escala através de informações falsas, buscando responsabilizar os autores.
Checar e desconfiar
A promotora Isabelle Figueiredo ofereceu orientações práticas para que a população possa se proteger da desinformação:
- Verifique as fontes: antes de compartilhar qualquer informação, certifique-se da credibilidade da fonte. Busque veículos de imprensa conhecidos e fontes oficiais.
- Senso crítico: desconfie de notícias com títulos sensacionalistas, alarmistas ou que apelem excessivamente à emoção.
- Busque confirmação: em caso de dúvida, procure outras fontes de informação ou entre em contato com órgãos competentes, como o próprio Ministério Público.
Neste "Dia da Mentira", a reflexão proposta pelo Ministério Público do Tocantins vai além das brincadeiras. O alerta é para a importância da informação verdadeira como pilar da cidadania e para a necessidade de vigilância constante contra as armadilhas da desinformação. Compartilhe a verdade, combata as fake news e exerça sua cidadania de forma consciente. (MPTO)