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Saúde

Foto: Freepik

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Apesar de serem frequentemente associadas ao público masculino, as doenças do coração também têm forte impacto na vida das mulheres. Enquanto o câncer de mama faz uma vítima fatal a cada 30 diagnosticadas, os problemas cardiovasculares e o acidente vascular cerebral (AVC) matam 1 a cada 3 mulheres, por ano.

Atualmente, a condição já é a principal causa de óbito feminino no Brasil. “Por dia, são 23 mil mortes no mundo. No Brasil, duas mulheres morrem a cada 12 minutos por alguma condição cardíaca. Este é um índice alarmante e que não pode ser negligenciado. Precisamos nos atentar às causas e evitar que as mulheres continuem sendo vítimas de mortes preveníveis”, ressalta a Dra. Ieda Jatene, cardiologista e membra do grupo de Doenças Cardiovasculares nas Mulheres (DCVs) do Hcor.

Segundo a especialista, o coração das mulheres sofre com três tipos de fatores de risco: os bem-estabelecidos (como colesterol alto, sedentarismo, má alimentação), os específicos (diabete e hipertensão durante a gravidez e a menopausa) e os sub-reconhecidos (como os socioeconômicos, ambientais e psicológicos).

Além de terem um leque maior de perigos, mesmo dentro dos fatores de risco tradicionais, elas também estão mais vulneráveis. “Em um grupo de diabéticos, por exemplo, as mulheres apresentaram uma chance 29% maior de infarto agudo do miocárdio e 44% maior de doença coronária do que os homens com a mesma condição”, revela.

Outro desafio é o diagnóstico desigual: estudos apontam que as mulheres têm menos acesso a testes diagnósticos e reabilitação cardíaca, recebem menos intervenções como revascularizações e, consequentemente, apresentam taxas mais altas de mortalidade e pior recuperação após um evento cardíaco. Entre 2019 e 2021, houve um aumento de 23% na incidência de infarto em mulheres entre 20 e 29 anos e de 38% entre 30 e 39 anos, mostrando que não se trata de um problema restrito à idade avançada.

Dose extra de prevenção

Além da mudança de hábitos, o check-up cardiológico também é um poderoso aliado na prevenção e no combate a enfermidades. A avaliação médica utiliza exames clínicos e complementares, como eletrocardiograma (ECG), ecocardiograma, exames de sangue e teste ergométrico (teste de esforço na esteira) para analisar a saúde de todo o sistema cardiovascular.

“De maneira geral, a recomendação é para que o check-up anual seja realizado a partir dos 40 anos, caso não haja histórico de problema cardiovascular na família ou queixa da paciente. Na consulta com o médico, ele poderá avaliar o caso de maneira individualizada e orientar sobre a necessidade de exames complementares”, explica a Dra. Ieda.

Além do acompanhamento médico, a alimentação equilibrada, a cessação do tabagismo e a prática regular de atividade física são medidas comprovadas para reduzir as chances de desenvolver complicações cardíacas. “A recomendação é dedicar, ao menos, 150 minutos por semana a exercícios de intensidade moderada ou 75 minutos de atividades mais intensas. Sabemos que a rotina das mulheres é intensa, mas é importante reservar um tempinho para se cuidar, gesto que fará bem para a mulher e para a sua família, que terá mais tempo de vida com ela para desfrutar”, finaliza a Dra. Ieda.