A menopausa gera uma série de dificuldades que podem afetar a saúde física, emocional e social das mulheres. Diante dessa realidade e sabendo da importância de iniciativas que amenizam esses efeitos, o Campus Araguatins, do Instituto Federal do Tocantins (IFTO), realiza o projeto “Desenvolvimento de goma de mascar fitoterápica à base de extrato de amora (Morus spp.) para o alívio dos sintomas da menopausa”. O trabalho une inovação tecnológica, sustentabilidade e saber tradicional, demonstrando o potencial da pesquisa científica aplicada à melhoria da qualidade de vida da população.
A pesquisa investiga as propriedades bioativas da amora, com foco em seus compostos de ação estrogênica natural e suas possíveis aplicações em produtos fitoterápicos e alimentares. Ela é desenvolvida pela estudante do curso de Ciências Biológicas do Campus Araguatins, Renatta Cardoso da Silva, sendo resultado de uma parceria entre o IFTO e a Universidade Estadual do Tocantins (Unitins), Câmpus Augustinópolis, fortalecendo o diálogo entre ensino, pesquisa e extensão nas instituições públicas do estado. A orientação é da professora doutora Kátia Paulino de Sousa (IFTO – Campus Araguatins) e a coorientação da professora doutora Lunalva Aurélio Pedroso Sallet (Unitins), que contribui com a fundamentação teórica sobre compostos bioativos e saúde da mulher.
De acordo com Renatta, o principal diferencial da goma é ser natural e complementar aos tratamentos convencionais. “Enquanto os medicamentos à base de hormônios sintéticos buscam repor diretamente o estrogênio, eles podem estar associados a efeitos adversos, como aumento do risco de trombose e câncer de mama em alguns casos. “Por isso, há um crescente interesse em fitoterápicos e produtos com compostos bioativos vegetais. No nosso caso, os flavonoides presentes na amora (Morus spp.), que possuem ação estrogênica leve, ou seja, imitam parcialmente o efeito do estrogênio natural, sem os riscos associados aos hormônios sintéticos”, explicou Rennata.
Até o momento, foram realizados testes de formulação, estabilidade e padronização do produto, buscando ajustar textura, aroma e homogeneidade.“Os resultados até o momento são positivos, indicando boa consistência, cor uniforme e aceitação sensorial preliminar em relação ao sabor e aroma da amora. A próxima etapa incluirá testes físico-químicos e microbiológicos, que permitirão a caracterização completa da goma e a validação científica do protótipo", informou Renatta.
A pesquisa teve início em 2023, por meio do Edital nº 35/2023 do Programa de Iniciação científica IFTO/CNPq e, mesmo após o término do edital, segue em desenvolvimento e foi aprovada na Chamada Pública “Meninas na Ciência” para apresentação na 16ª Jornada de Iniciação Científica e Extensão (JICE) do IFTO, que acontecerá de 10 a 13 de novembro de 2025 no campus Gurupi.
Para a estudante Renatta Cardoso, o reconhecimento do projeto na chamada representa um marco importante para o incentivo à presença feminina na pesquisa científica. “Este trabalho nasceu da vontade de transformar o conhecimento científico em algo palpável e útil à comunidade. Saber que a pesquisa pode contribuir para o bem-estar de mulheres que enfrentam os desafios da menopausa é o que torna tudo ainda mais significativo”, destacou a pesquisadora.
Já a orientadora do estudo, professora Kátia Paulino, enfatiza o papel social dos institutos federais na promoção de pesquisas com impacto real. “Os institutos federais desempenham um papel crucial ao desenvolver pesquisas sobre temas relevantes, como a menopausa, que ainda carecem de visibilidade científica. Este projeto mostra como a ciência pública pode gerar soluções que melhoram a vida das pessoas e promovem inclusão”.