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Economia

Foto: AD Produtora/ASN

Foto: AD Produtora/ASN

Agricultores familiares e pequenos produtores da Amazônia ganharam um novo impulso para transformar a conservação da floresta em oportunidade de desenvolvimento e renda. O Projeto Carbono Social, lançado nessa quinta-feira (16) durante o “Sebrae Conecta Economia Verde”, realizado em Belterra (PA), vai facilitar o acesso desses empreendedores ao mercado voluntário de carbono e a mecanismos de financiamento climático.

A iniciativa pioneira do Sebrae, em parceria com a Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam), começa como projeto piloto em Santarém (PA) e se estenderá a outros biomas, respeitando as particularidades socioprodutivas e ecológicas de cada território. A fase inicial, que foi iniciada em julho de 2025, envolve cerca de 150 agricultores familiares, abrangendo 15 mil hectares, dos quais 8,5 mil hectares estão sob manejo sustentável, sistemas agroflorestais e florestas conservadas.

O apoio aos produtores inclui o mapeamento de cadeias produtivas, a capacitação e a criação de mecanismos para que eles tenham acesso direto à receita gerada pela venda de créditos de carbono. Parte desses recursos será reinvestida nas próprias comunidades, fortalecendo o ciclo de sustentabilidade e desenvolvimento local.

O evento de lançamento reuniu o presidente nacional do Sebrae, Décio Lima; o diretor-técnico nacional do Sebrae, Bruno Quick; o prefeito de Belterra, Ulisses Alves, demais autoridades, especialistas e lideranças locais. Também estiveram presentes os Enviados Especiais da COP30, Sérgio Xavier, representante do Fórum Brasileiro de Mudança do Clima, e Philip Yang, representante de soluções urbanas. Eles também atuam de forma voluntária e em caráter pessoal contribuindo com o engajamento e na escuta de setores e regiões prioritárias para o sucesso da COP30, evento que acontece em novembro em Belém.

“O carbono social é mais do que um ativo ambiental: é uma nova rota de desenvolvimento inclusivo, que reconhece e remunera quem cuida da floresta e do solo”, Décio Lima, presidente do Sebrae.

Para Bruno Quick, diretor técnico do Sebrae, trata-se de uma ponte entre quem preserva e quem compensa as emissões. “O carbono social transforma boas práticas de produção em benefícios econômicos concretos para as comunidades. A partir dos resultados do piloto, queremos escalar o modelo para outros territórios da Amazônia e biomas do país, ampliando a geração de créditos com impacto social positivo”, afirmou Quick.

O diretor técnico da Ecam, Fábio Rodrigues, destacou o papel da parceria: “Com o apoio do Sebrae, estamos criando oportunidades reais para que agricultores familiares e comunidades tradicionais possam transformar práticas sustentáveis em novas fontes de renda”. Ele destacou que o projeto já acontece em duas regiões brasileiras, no sul da Bahia e no sul do Paraná, com produtores sendo efetivamente remunerados pelos serviços prestados.

Passo a passo da geração dos créditos de carbono social

Entenda como o Projeto Carbono Social conecta cada hectare preservado à geração de créditos de carbono, criando um ciclo de renda e sustentabilidade para comunidades tradicionais:

* As propriedades são mapeadas e analisadas para identificar o que já está preservado.

* Técnicos medem o estoque de carbono e a capacidade de absorção pela floresta por meio da biomassa, com trabalho de campo e imagens de satélite.

* Os dados passam por validação e rastreabilidade na plataforma digital da ReSeed.

* O carbono registrado é transformado em créditos certificados prontos para o mercado.

* A venda dos créditos gera receita que retorna direto aos agricultores e comunidades, incentivando ainda mais a conservação e o manejo sustentável.

Destaque internacional em Londres

O lançamento do Carbono Social antecede a apresentação do projeto no Corporate Investments into Forestry & Biodiversity, que acontecerá em Londres e é considerado um dos principais eventos globais sobre investimentos corporativos em florestas e biodiversidade. A presença internacional da iniciativa destaca o potencial de soluções amazônicas no enfrentamento à crise climática e no avanço na transição para uma economia de baixo carbono.

Sobre o Projeto Carbono Social

Projeto do Sebrae com a Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam), o Carbono Social, valoriza os serviços ambientais prestados por agricultores familiares e comunidades tradicionais, conectando-os ao mercado de carbono e a novas formas de financiamento climático.

O modelo aplica critérios reconhecidos internacionalmente de mensuração e verificação de carbono, integradas à metodologia da ReSeed, que combina indicadores ambientais e sociais, como renda, gênero e bem-estar comunitário. O ineditismo do projeto está em unir contabilidade de carbono e impacto social mensurável, promovendo um novo paradigma de carbono inclusivo e rastreável. (ASN)