Conexão Tocantins - O Brasil que se encontra aqui é visto pelo mundo
Economia

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), prévia da inflação oficial do País, foi divulgado nesta quinta-feira, 25, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e ficou em 0,48% em setembro. O resultado divulgado mostra aceleração após a deflação registrada em agosto.

Para Pablo Spyer, conselheiro da Associação Nacional das Corretoras e Distribuidoras de Títulos e Valores Mobiliários, Câmbio e Mercadorias(ANCORD), a aceleração foi influenciada principalmente pelo reajuste das tarifas de energia elétrica com o fim do bônus de Itaipu. Depois de cair 4,93% em agosto, a tarifa subiu 12,17% em setembro “Apesar desse efeito pontual, os números vieram positivos: a prévia da inflação oficial ficou levemente abaixo do esperado pelo mercado, a alimentação no domicílio manteve queda pelo quarto mês consecutivo e os serviços seguem em processo gradual de moderação”, afirma.

Segundo Spyer a composição do indicador pode ser considerada benigna, com núcleos mostrando “sinais de desaceleração consistente e reforçando a tendência de alívio na inflação subjacente”. Para a Ancord, os dados de setembro confirmam que, mesmo diante de choques temporários, a dinâmica de preços segue em trajetória favorável, transmitindo maior confiança para o cenário econômico.

O economista-chefe da Associação Paulista de Supermercados (APAS), Felipe Queiroz, afirma que tem se observado a manutenção da desaceleração da alimentação, tanto de domicílio quanto fora do domicílio. “Esse é um fator bastante importante que diminui a pressão sobre o orçamento familiar. Quando nós observamos apenas nesse último resultado, os produtos de alimentação e bebidas apresentaram desaceleração de 0,35%. E os itens que mais caíram no período são os alimentos essenciais, como o arroz, o feijão, o café, que vinha numa forte alta, nesse último indicador apresentou uma queda de 1,8%. E, itens como cebola, arroz, feijão, continuam aí no atendente de queda”, diz.

Por um lado, segundo Queiroz, há pressão de itens como vestuário e habitação; já a queda nos preços de alimentos ajuda a equilibrar a balança.

Previsão

Segundo Queiroz, quando se analisa resultados recentes publicados pelo IBGE e projeta-se os próximos meses, podemos considerar tanto o cenário doméstico quanto o internacional. “Há um conjunto de variáveis macroeconômicas que tem pesado positivamente para uma desaceleração do indicador de médio e longo prazo. Entre essas variáveis, está a taxa de câmbio. Durante o último ano, nós sofremos uma forte pressão cambial movida por fatores domésticos e internacionais e, durante os últimos meses, estamos observando um processo inverso, uma taxa de câmbio, não uma tendência de queda. Tem uma pressão e isso diminui, consequentemente, a pressão inflacionária e abre espaço, inclusive, para redução da taxa básica, de juros da economia”, afirma.

Queiroz afirma que, entre as variáveis a serem acompanhadas, no que se refere à inflação, duas merecem destaque: a taxa de câmbio e a taxa Selic. “Atualmente, uma das maiores taxas de juros do mundo e nós estamos colocando o freio de mão da economia”, diz.

Ainda segundo Queiroz, quando nós observamos os dados de inflação, mesmo com a taxa de desemprego no menor patamar da série histórica e o aumento da renda real, “nós não estamos observando uma pressão inflacionária tão expressiva sobre itens que são movidos fortemente por uma demanda aquecida”, afirma.

Para o economista, outros elementos têm contribuído para desaceleração do indicador, como é o caso, por exemplo, da inflação de alimentos. “Nesse sentido, a nossa expectativa é que, nos próximos meses, mesmo com a alta observada em setembro, nós venhamos a ter um movimento mais acomodatício da inflação”, conclui. 

A inflação dos últimos 12 meses acumula 5,32%, um pouco abaixo da mediana esperada que de era 5,35%.

A boa notícia é que a alimentação em domicílio caiu 0,63%, apresentando queda pelo quarto mês consecutivo. Alimentação fora do domicílio também desacelerou para 0,36%. A inflação de alimentos corria 10, 9% ao ano, agora caiu para 3%.