O humor do brasileiro apresentou variação positiva no segundo semestre de 2025, com melhoria na perspectiva sobre a vida que levam (72%), repetindo o patamar de março e superando o recuo observado em junho (70%). Ao mesmo tempo, a percepção sobre a evolução da vida pessoal e familiar comparada ao ano passado apresenta recuperação, chegando a 44%, após quedas no primeiro e segundo trimestres.
Seguindo a mesma tendência positiva, quanto à vida pessoa e familiar, 65% acreditam que ela “vai melhorar” nos próximos meses, com variação positiva ante os 63% anteriores e após recuo de 12 pontos observado entre março e junho.
Os dados são revelados pela nova edição da Pesquisa Radar Febrabn, realizada entre os dias 21 e 26 de setembro de 2025 com 2 mil pessoas nas cinco regiões do País. A pesquisa também apurou as opiniões de cada uma das cinco regiões brasileiras e avaliou temas como expectativas do brasileiro sobre o país e sua vida pessoal, além de suas aspirações de consumo e o Pix.
O mesmo viés de melhora se verifica nas percepções sobre a evolução do país em relação a 2024, que chegaram a 34% e mantiveram-se relativamente estáveis, com variação positiva em relação a junho (33%), depois de apresentar queda constante desde dezembro.
“Nesse terceiro trimestre do ano, para além das tensões econômicas internas, os brasileiros precisaram lidar com uma nova pressão externa: as tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros impostas pelos Estados Unidos, o chamado “tarifaço”. Nesse contexto, um misto de cautela e otimismo perpassa as avaliações sobre o país e a economia”, aponta o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe.
A inflação e o aumento do custo de vida continuam sendo preocupação do brasileiro na terça parte de 2025, mas também é perceptível uma melhora no sentimento. Em setembro, 81% avaliaram que os preços “aumentaram muito ou aumentaram”. Em março, esse percentual chegou a 89%, o maior da série histórica.
A Pesquisa Radar Febraban é realizada trimestralmente pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE) e mapeia a percepção e expectativa da sociedade sobre a vida, aspectos da economia e prioridades para o país.
Balanço pessoal e familiar
- Subiu de 70% para 72% aqueles que se dizem muito satisfeitos ou satisfeitos em relação à sua vida pessoal;
- O contingente insatisfeito caiu de 15% para 14%;
- Passou de 78% para 80% os que avaliam que sua vida pessoal e familiar em 2025 ou melhorou (44%) ou ficou igual (36%);
- Subiu de 63% para 65% aqueles que acreditam que sua vida e de sua família vai melhorar no restante do ano;
- Caiu de 22% para 20% os que avaliam que a vida piorou em 2025.
- Mantiveram-se em 11% os que vislumbram uma piora na vida pessoal e familiar, com poucas variações ao longo da série histórica.
Visão do País em 2025
- Aumento de 1 ponto na avaliação de que o país melhorou em 2025, indo de 33% para 34%, revertendo tendência de queda observada desde dezembro de 2024.
- Percepção de piora do país oscilou de 38% para 37%, alterando o viés de alta verificado desde setembro de 2023.
- Para 27% o país nem melhorou nem piorou esse ano, até o momento. Em junho, a percepção de estabilidade era de 28%.
- 65% acreditam que em 2025 o Brasil irá melhorar (41%) ou ficar como está (24%).
- Houve avanço na expectativa de melhora, que oscilou de 40% para 41%, também alterando a tendência de queda na expectativa favorável desde dezembro de 2023.
- Expectativa de piora moveu-se de 32% para 31%.
Percepção de alta da inflação
- Caiu de 83% para 81% o contingente que afirma que os preços aumentaram muito ou aumentaram nos últimos seis meses.
- Subiu de 11% para 12% o montante que indica estabilidade, e também cresceu de 5% para 7% os que mencionam queda.
Aspectos de maior impacto na inflação
- Caiu de 75% para 69% os que indicam alimentos e outros produtos do abastecimento doméstico.
- Reduziu-se de 30% para 28% o contingente queindica o preço do combustível, que mantém a segunda posição à frente de saúde e medicamentos, agora em terceiro lugar (27%).
- 22% demonstram preocupação com os juros dos cartões de crédito, financiamentos e empréstimos, item que continua em quarto lugar.
- 8% apontam os gastos com pagamento de escolas, faculdades e outros serviços de educação, além da compra de veículos e imóveis, que seguem em quinto lugar.
Expectativas dos brasileiros
- Inflação e custo de vida: a crença de que os preços irão aumentar caiu de 71% para 69%;
- Desemprego: após relativa estabilidade no segundo trimestre de 2024, a expectativa de aumento do desemprego oscilou de 41% para 42%;
- Poder de compra: A opinião de que haverá aumento do poder aquisitivo cresceu em relação a junho (de 23% para 26%), enquanto a maior parcela, que crê em perda, oscilou de 51% para 50%. Os que acreditam estabilidade somam 22% em setembro, frente a 24% em junho;
- Endividamento: oscilou de 71% para 70% os quecreem que vai aumentar;
- Taxa de juros: decresceu de 68% para 65% a expectativa de aumento;
- Impostos: a expectativa de aumento manteve-se em 71%, sustentando o patamar mais alto da série histórica. A percepção de estabilidade oscilou de 20% para 21% e a perspectiva de queda repetiu os 7% de junho
- Acesso ao crédito: A expectativa de maior acesso ao crédito ficou inalterada em 32%, assim como a perspectiva de queda (31%). A percepção de estabilidade saiu de 34% para 32%.
- Salários: Quesito com a maior variação e avanço do otimismo, a expectativa de aumento avançou de 23% para 34%, ao mesmo tempo em que apresentou recuo significativo a parcela que acha que os salários vão permanecer iguais (de 58% para 48%). A expectativa de queda, por sua vez, oscilou de 18% para 16%.
Prioridades da população
A lista de áreas a que o Governo Federal deveria dar mais atenção:
- Saúde: continua no topo como prioridade na agenda da população (32%).
- Emprego e Renda: aparece em segundo lugar, oscilando de 20% em junho para 19% em setembro.
- Inflação e Custo de Vida: 10%;
- Educação: empatado em terceiro lugar com Inflação e Custo de Vida, oscila dentro da margem, aparecendo com 10% das menções em setembro, contra 9% em junho.
- Segurança: citada por 9%, sem variação em relação à onda anterior.
- Corrupção: manteve os 8% da pesquisa anterior.
- Fome e Pobreza: soma 4% em setembro, estável frente a junho.
Desejos da população
- Guardar dinheiro/investir: o desejo de aplicar na poupança manteve-se em 20%. Na mesma linha, a vontade de aplicar em outros investimentos manteve-se em 29%.
- Moradia: o sonho de comprar uma casa caiu, saindo de 28% em junho para 25% em setembro. Desejo de reformar avançou de 15% para 18% no mesmo período.
- Educação: esse item marca 16% das menções, contra 14% no
levantamento anterior.
- Viagens: o desejo de viajar em caso de sobras no orçamentoalcança 11%.
- Saúde: 11% citam o desejo de melhorar o plano de saúde.
- Compra de carro: registrou 9%, um ponto abaixo de junho (10%).
Pix
- A transferência e pagamento via PIX mantém ampla aprovação entre os brasileiros: 95%, mesmo percentual desde abril de 2024. A desaprovação oscilou um ponto para cima (de 2% para 3%) em relação a julho do ano passado.
- Cresce a preferência pelos bancos para a utilização do PIX: avançou de 32% para 39% o número de brasileiros que se declaram mais confiantes nos bancos isoladamente para operações com PIX. Permaneceu inalterada a parcela que confia mais nas fintechs para esse tipo de operação (14%).
- Houve queda, comparativamente a junho, do número de usuários que se sentem seguros com o PIX utilizando qualquer dos dois tipos de instituição, passando de 45% para 41% das menções.
- O PIX parcelado já é conhecido por 8 em cada 10 brasileiros; 68% aprovam e 25% desaprovam a ferramenta. Para 86%, o fato de existir a opção de parcelamento melhora (34%) ou não altera (52%) a confiança no PIX.Embora a maioria aprove o PIX parcelado, apenas 33% declaram que usariam a ferramenta com cobrança de juros.