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Opinião

Paola Lupianhes Dall Occo é professora de Ciências Biológicas na Universidade Presbiteriana Mackenzie

Paola Lupianhes Dall Occo é professora de Ciências Biológicas na Universidade Presbiteriana Mackenzie Foto: Divulgação

Foto: Divulgação Paola Lupianhes Dall Occo é professora de Ciências Biológicas na Universidade Presbiteriana Mackenzie Paola Lupianhes Dall Occo é professora de Ciências Biológicas na Universidade Presbiteriana Mackenzie

Trinta anos se passaram desde a primeira Conferência das Partes (COP) sobre o clima, e mais uma vez, o Brasil sedia uma importante reunião entre líderes mundiais, cientistas e representantes da sociedade civil, onde serão debatidas e propostas ações em prol do planeta. Em 1992, fomos anfitriões da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a histórica ECO 92, e da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, em 2012, conhecida como Rio+20.

Agora, na COP 30, a cidade de Belém, no coração da Amazônia, será palco desse novo capítulo. O local carrega um simbolismo poderoso: abrigar a conferência em meio à maior floresta tropical do mundo é um lembrete de que ela precisa de cuidados urgentes e efetivos. É fundamental conter o desmatamento e a poluição gerados pela expansão agropecuária e pelo garimpo, sob o risco de atingirmos o ponto de não retorno, quando a floresta perde sua capacidade de regeneração, sua biodiversidade e os serviços ecossistêmicos dos quais todos dependemos.

Vivemos hoje os impactos concretos do aquecimento global, evidentes no poder destrutivo dos eventos climáticos extremos, como secas e enchentes sem precedentes. Fatos que a ciência vem alertando há décadas e que levou à criação do Protocolo de Kyoto (COP 3) e, posteriormente, do Acordo de Paris (COP 21). Esses marcos internacionais estabeleceram metas de redução das emissões de gases de efeito estufa e o compromisso global de limitar o aquecimento do planeta a menos de 2°C, com esforços para mantê-lo em 1,5°C.

No entanto, de lá para cá, já ultrapassamos o limite de aquecimento de 1,5°C e rompemos sete dos nove limites planetários. A cada dia, testemunhamos a falta de justiça climática, o desrespeito aos povos originários e o enfraquecimento das leis ambientais. Diante desse cenário, é essencial que a COP 30 vá além da negociação de números e interesses governamentais. É necessário que ela represente, de fato, uma redefinição do conceito de desenvolvimento baseada em vontade política, responsabilidade global e metas verdadeiramente ambiciosas.

*Paola Lupianhes Dall Occo é professora de Ciências Biológicas na Universidade Presbiteriana Mackenzie.