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Saúde

Foto: Freepik/@stefamerpik

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Em 12 de novembro é lembrado o Dia Mundial da Pneumonia, data criada para alertar a população sobre esta que é uma das doenças respiratórias mais comuns e potencialmente graves no mundo. 

“Dados do Datasus mostram um crescimento superior a 100% nas internações por pneumonia entre 2020 e 2024, muito provavelmente influenciado pela pandemia de Covid-19”, afirma o chefe da Unidade do Sistema Respiratório e pneumologista do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC/Ebserh), Ricardo Reis. 

A pneumonia é uma infecção que atinge os pulmões e, apesar dos avanços na medicina, ainda representa uma importante causa de hospitalizações e mortes, especialmente entre crianças e idosos. Especialistas dos hospitais universitários vinculados à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) reforçam a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e dos riscos em grupos vulneráveis. 

O que é a pneumonia e como ela surge 

De acordo com o pneumologista Emanuell Felipe, do Hospital de Doenças Tropicais da Universidade Federal do Norte do Tocantins (HDT-UFNT), a pneumonia “é uma infecção que inflama os pulmões, podendo ser unilateral ou bilateral”. A doença pode ser causada por bactérias, vírus ou fungos e se instala quando esses agentes infecciosos atingem os alvéolos — pequenos sacos responsáveis pela troca de oxigênio e dióxido de carbono.

“Isso pode ocorrer por meio de gotículas de saliva ou secreções respiratórias de pessoas infectadas, ou por inalação de esporos de fungos presentes no ar, solo ou fezes de aves. Estes patógenos, ao atingirem as vias aéreas inferiores (pulmões), causam intensa resposta inflamatória, o que gera a pneumonia”, explica. 

O especialista reforça que as pneumonias virais podem ser transmitidas de uma pessoa para outra, como aconteceu durante a pandemia de Covid-19. “Já a pneumonia bacteriana, geralmente, não é contagiosa”, complementa. Entre os principais sintomas estão tosse seca ou com catarro, febre alta, falta de ar ou respiração rápida, dor no peito, cansaço, dor de cabeça e perda de apetite. Em idosos, a doença pode se manifestar de forma atípica, com fraqueza e confusão mental.  

Aumento dos casos e legado da pandemia 

Ricardo Reis explica que crianças menores de cinco anos, idosos acima de 65 anos e pessoas com imunodeficiência ou doenças pulmonares crônicas formam os grupos mais vulneráveis. Ele também esclarece que a chamada “pneumonia silenciosa”, termo usado comumente, não tem respaldo técnico-científico, sendo usado apenas para descrever casos sem os sintomas clássicos de tosse e falta de ar. “Essa condição ocorreu em muitas formas graves de pneumonia pelo SARS-Cov 2 (Covid), mas não é exclusiva dessa causa”. 

Diagnóstico rápido faz a diferença 

A pneumologista Flávia Farinha, chefe do Serviço de Pneumologia do Hospital Universitário João de Barros Barreto (HUJBB-UFPA/Ebserh), explica que o tratamento depende do agente causador e das condições clínicas do paciente. “Elas podem ser desde uma pneumonia adquirida na comunidade em pacientes saudáveis até infecções hospitalares em pessoas com doenças que predispõem ao quadro infeccioso pulmonar”, detalha. 

Flávia ressalta que o diagnóstico tardio é um dos maiores riscos, pois pode levar à progressão da infecção e até a sepse, uma infecção generalizada. Entre os fatores de risco, a médica cita diabetes, doenças cardíacas, renais, câncer, asma, doença pulmonar obstrutiva crônica e doenças intersticiais pulmonares. “Os fatores de risco são todos os que impactam em redução das defesas imunológicas ou doenças estruturais e/ou inflamatórias das vias aéreas, além de condições fisiológicas, como os extremos de idade.” 

Prevenção e vacinação salvam vidas 

Segundo Flávia, a vacinação contribui para reduzir o número de casos, especialmente nas populações mais vulneráveis. Manter o calendário vacinal em dia — incluindo as vacinas contra gripe, Covid-19 e pneumococo — é essencial para reduzir complicações respiratórias. Além disso, medidas simples como lavar as mãos com frequência, evitar aglomerações em períodos de surto e manter ambientes ventilados ajudam a diminuir o risco de contágio.