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Um estudo em formato de livro, patrocinado pelo Banco da Amazônia e estruturado pelo Instituto Brasil-África, com parceria da Universidade do Pará, foi lançado na quarta-feira, 12, no Pavilhão do Banco na Green Zone da COP30. Intitulado “Potencial dos Produtos e Serviços dos Estados da Amazônia Brasileira nos Países Africanos”, o documento explora caminhos e propostas para a integração econômica e tecnológica entre os dois continentes, reforçando os laços de cooperação Sul-Sul.

“É um estudo que traz uma análise do nosso potencial de bioeconomia para exportar para o continente africano. Nós sabemos que temos raízes culturais com eles, além da similaridade das florestas tropicais de alguns países. Então, nossos produtos da bioeconomia, especialmente de alimentação e de beleza, são muito similares com boa parte do que se consome em partes da África. Diferentemente de quando apresentamos um produto na China, que tem raízes culturais e hábitos completamente distintos dos nossos”, explicou o presidente do Banco da Amazônia, Luiz Lessa.

A questão não é apenas de similaridade cultural, mas também de um imenso potencial de consumo que precisa ser aproveitado. Lessa lembra que o continente africano é composto por 54 países, com mais de 1,6 bilhão de habitantes. “Claro que existe diversidade cultural por lá. Mas a base de diálogo das duas culturas – Brasil e África – está sedimentada”. Isso resolve a parceria por si só? Na opinião do CEO do banco, não. “A gente precisa construir as cadeias da bioeconomia para termos produtos acabados para serem apresentados nos diversos mercados africanos”, apontou.

Na visão do executivo, aí reside o grande potencial do estudo apresentado hoje. “A partir dele a gente pode construir projetos, ações concretas envolvendo outros agentes – como por exemplo APEX, Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e outros - para que a gente possa ter um centro de produção de bioeconomia que agrade os moradores da África e crie esse comércio de maneira efetiva”, apontou.

Segundo Lessa, ao criar esses núcleos de comércio constante, a gente abre caminho para criar mais renda, mais empregos e fomentar o desenvolvimento da bioeconomia da Amazônia.

Parceiro na iniciativa do estudo, o presidente do Instituto Brasil África, João Bosco Monte, destacou a relevância do lançamento dentro da programação da COP30 e o caráter inovador da iniciativa. “O Banco da Amazônia trouxe uma agenda ampla e propositiva para a COP30. Esse estudo é resultado de um ano de trabalho e demonstra o potencial dos produtos amazônicos para o continente africano”, afirmou.

Balança atual ainda pende para Europa, América e Ásia

Dados da balança comercial amazônica mostra que os principais produtos de exportação são os extrativistas, tanto minerais quanto de agricultura e pecuária. E que os principais destinos de venda ainda são a Europa, Ásia e América do Norte. O estudo apresentado destaca oportunidades em setores estratégicos como alimentos, cosméticos naturais, fitoterápicos, medicamentos de base florestal e soluções ambientais — áreas centrais para o desenvolvimento sustentável.

A obra não se propõe apenas a abrir caminhos, mas a trazer sugestões de como desbravá-los. Ela examina aspectos práticos e regulatórios do comércio internacional, incluindo infraestrutura, certificações, tarifas e barreiras não-tarifárias. E mais: valoriza o diálogo intercultural e o respeito à diversidade como elementos essenciais para o sucesso das relações comerciais entre Brasil e África.

Buscar novas rotas comerciais não se faz da noite para o dia nem sem esforço. Por isso, o estudo aponta estratégias concretas para superar obstáculos ao comércio bilateral, tais como: fortalecimento da inovação e da pesquisa conjunta; capacitação profissional; e redes de colaboração entre universidades, centros de pesquisa e empresas.

O papel do Banco como instrumento de fomento sustentável

O estudo dialoga diretamente com uma das premissas precípuas do banco: o setor produtivo tem importância crucial no processo de fortalecimento comercial, mas políticas de desenvolvimento sustentável demandam ações de agentes públicos, como o Banco da Amazônia, por exemplo. Por isso, a obra sugere ações governamentais para fortalecer cadeias produtivas locais e promover práticas sustentáveis, com impacto direto em renda, inclusão social e preservação ambiental. O livro está disponível gratuitamente no site do Banco Amazônia.