Mediada pela gerente de Educação Indígena da Secretaria de Estado da Educação (Seduc), Cleide Araújo Barbosa, a mesa redonda dessa sexta-feira, 25, realizada no espaço Café Literário do 9º Salão do Livro, abriu o debate sobre as políticas públicas para a Educação Indígena no Tocantins enfocando a formação para professores.
Júlio Kamer, representante do povo Apinajé, reconheceu o trabalho feito pelo Governo do Estado referente à educação indígena. “A Seduc vem apoiando a luta para fortalecer nossa política de educação fazendo com que os professores sejam preparados para ajudar os jovens para serem fortes e enfrentar os desafios do mundo sem perder nossa cultura e tradição”, frisou.
O diretor da Escola Estadual Indígena Kumanã, José Hani Karajá, destacou a necessidade de os professores estarem aptos para ensinar os conteúdos do núcleo comum, como Português e Matemática, mas sem deixar de transmitir os conhecimentos das tradições. “Com o que aprendi no magistério e estou aprendendo no mestrado, quero estar pronto para ensinar as disciplinas e também preparar os jovens da minha aldeia para valorizar o que temos”, enfatizou.
O secretário da Educação, Adão Francisco de Oliveira, participou da conversa e discorreu sobre a atual situação do ensino para os povos indígenas no Estado. “O Governo tem essa preocupação no que diz respeito à educação indígena porque percebemos, a partir de pesquisas, que uma das vulnerabilidades da educação no Tocantins é a educação indígena. Esse debate maduro, profundo, é uma oportunidade de construir sentidos para que possamos fazer as intervenções necessárias a curto, médio e longo prazo”, ressaltou.
Para o professor Alcides Bevilaqua, que assistiu à mesa redonda e leciona as disciplinas de filosofia e sociologia para estudantes indígenas da Escola Estadual Batista Professora Beatriz Rodrigues, em Tocantínia, os debates em torno dessa temática são necessários para a melhoria constante na oferta do ensino para este público. “Cerca de 80% dos alunos da escola são Xerente. Todo o conhecimento ofertado, seja aos professores índios e aos não índios, nos auxilia a ter instrumentos para que os estudantes deem continuidade aos estudos e para que não haja a evasão”, pontuou.
Também fizeram parte da mesa redonda, Renato Yahe Krahô, presidente do Conselho de Educação Escolar Indígena do Estado do Tocantins e o diretor da Escola Indígena Waikarnãse e cacique da aldeia Salto, Valci Sinã Xerente.
Educação Indígena no Tocantins
No Estado são sete povos indígenas com reserva demarcada e cerca de 15 mil habitantes indígenas. Todas as etnias são atendidas com um total de 93 escolas indígenas geridas pela Secretaria da Educação.
O Governo do Estado, por meio da Seduc oferta o programa Magistério Indígena, pioneiro na formação de professores índios que vão atuar nas escolas das aldeias utilizando a língua materna em sua forma oral e escrita e posteriormente, ensinando também em Língua Portuguesa. Mais de 200 professores já concluíram o curso.
Dando continuidade à formação dos professores indígenas, a Seduc é parceira da Universidade Federal do Tocantins na participação dos educadores no curso de licenciatura Intercultural ofertada pela Universidade Federal de Goiás, que já formou 47 professores e tem outros 67 em formação.