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Economia

Foto: Pexels/@DzianaHasanbekava

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A maioria dos brasileiros (55%) admite que entende pouco (40%) ou nada (15%) de educação financeira, mas reconhece que o tema é muito importante e afirma ter muita (55%) ou alguma (20%) atenção com o acompanhamento e o controle das finanças pessoais. É o que revela a 17ª edição da pesquisa Observatório Febraban feita pelo Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE) para a entidade.

Realizada entre os dias 12 e 26 de junho de 2025, com três mil pessoas nas cinco regiões do País, a pesquisa investigou o que os brasileiros entendem por educação financeira, como veem o nível de educação financeira no país, quais fontes de informação utilizam sobre finanças, o papel do planejamento financeiro na realização de projetos pessoais e práticas relacionadas. O levantamento também pode ser lido por regiões do país, estratos socioeconômicos, idade e escolaridade dos entrevistados.

Esta edição do Observatório faz ainda um panorama do endividamento das famílias. Um contingente de 39% dos respondentes afirma estar atualmente endividado. Entre estes, 23% acreditam que terminarão 2025 mais endividados do que estavam no final do ano passado e 48% esperam reduzir seu nível de endividamento.

A pesquisa mostra também que a maioria dos entrevistados (61%) afirma utilizar frequentemente (34%) ou às vezes (27%) algum meio de acesso a crédito, seja cartão de crédito, empréstimo ou outros. A maior parte da população utiliza ao menos um produto financeiro, com destaque para o cartão de crédito (66%). 

Ao mesmo tempo, seis em cada dez entrevistados (61%) afirmam ter o hábito de poupar ou investir quando possível (30% fazem isso frequentemente e 31% às vezes). Quase um terço (29%) afirma espontaneamente não ter condições financeiras de poupar ou investir, mas faria se pudesse.

O impacto do endividamento na saúde mental é outra dimensão importante, para além da questão financeira. Na parcela de brasileiros que declaram possuir dívidas, 77% afirmam que o endividamento afeta sua saúde emocional ou sua qualidade de vida.

Bets

As apostas online, as Bets, têm ganhado espaço no cotidiano dos brasileiros e, com isso, ampliado o debate sobre seus impactos no orçamento das famílias. O levantamento mostra que a ampla maioria da população (81%) avalia o impacto das Bets nas finanças das famílias como muito negativo (50%) ou negativo (31%). A experiência negativa direta ou indireta com Bets está presente para 37% dos entrevistados, que relatam conhecer alguém próximo ou terem sido pessoalmente prejudicados por apostas online (seriamente: 22%; 15% não seriamente).

“Educação financeira e endividamento são temas afins: a dificuldade de controlar gastos leva muitas pessoas a contraírem dívidas para cobrir despesas e imprevistos. No entanto, o mesmo contexto de desorganização financeira aumenta o risco de inadimplência”, afirma o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do IPESPE.

Mas o brasileiro tem uma visão restrita do tema, pois para quase metade dos entrevistados (47%), o termo “educação financeira” está associado principalmente à gestão cotidiana do orçamento doméstico, ou seja, ao planejamento e controle de receitas e gastos. “Aspectos relacionados à gestão e formação do patrimônio, proteção contra imprevistos e estratégias de investimento aparecem com menor destaque nas respostas”, aponta Lavareda.

Golpes

A pesquisa também mostra que a educação financeira contribui para aumentar a consciência sobre golpes ou tentativas de golpes. Ela abrange a percepção dos brasileiros sobre esse tipo de crime e aponta que 39% dos brasileiros afirmam já ter sido vítimas de algum tipo de golpe ou tentativa de golpe envolvendo sua conta bancária. O levantamento indica, ainda, a relação dos golpes mais praticados.

Educação financeira 

Para 47%, o termo “educação financeira” está associado principalmente à gestão cotidiana do orçamento doméstico, ou seja, ao planejamento e controle de receitas e gastos. Aprender a investir o dinheiro foi mencionado por 23%; evitar dívidas foi citado por 14%; o ato de guardar dinheiro para emergências foi citado por 12%; e 2% associam educação financeira ao acompanhamento do pagamento de dívidas.
 

A maior parte dos entrevistados (74%), acredita que os brasileiros entendem pouco (42%) ou nada (32%) sobre o tema. Um quarto (25%) é mais otimista, somando os que consideram que os brasileiros entendem muito (6%) ou razoavelmente (19%) do assunto.

Quando perguntados sobre seu próprio conhecimento sobre educação financeira, 45% declaram que entendem muito (10%) ou razoavelmente (35%) do tema. Ainda assim, passam da metade (55%) os que reconhecem ter baixo entendimento sobre educação financeira (pouco: 40%; nada: 15%).

Ao mesmo tempo, 91% dos entrevistados atribuem importância ou muito importância à educação financeira na vida pessoal e profissional. Apenas 8% minimizam a importância do assunto. Para a grande maioria, o planejamento financeiro tem muita (75%) ou alguma importância (16%) na realização de sonhos e projetos pessoais.

Fontes de informação 

Canais digitais (40%) são os principais meios de disseminação de informações sobre educação financeira no Brasil: 22% citam sites e portais na internet e 18% mencionam redes sociais.

Já as conversas com familiares e amigos vêm logo em seguida no ranking, com 17%; e escola ou universidade, com 15%. Os meios de comunicação tradicionais, como televisão, rádio, jornais e revistas, são mencionados por 12% dos entrevistados. Informes do próprio banco participam com 5%. Uma diversidade de outros meios soma 7%.

A regularidade de busca por informações mais especializadas sobre finanças é maior entre 65% dos respondentes (frequentemente: 35%; às vezes: 30%). Pouco menos de um terço (31%) declara não buscar esse tipo de informação de forma sistemática (raramente: 20%; e nunca: 11%).

Hábitos financeiros pessoais   

Grande maioria se diz atenta 

Cerca de oito em cada dez entrevistados afirmam ter muita (56%) ou alguma (20%) atenção com o acompanhamento e o controle das finanças pessoais. Outros 22% reconhecem não dar a devida atenção a esse acompanhamento financeiro (pouca: 16%; e nenhuma: 6%).

Quanto à segurança ou autoconfiança para ações financeiras específicas, os resultados são os seguintes:

  • Ter um planejamento para pagar dívidas: 72% declaram-se seguros quanto esse aspecto (39% totalmente e 33% razoavelmente). Apenas um quarto (25%) diz ter pouca ou nenhuma segurança a respeito.
     
  • Poupar e investir dinheiro: cerca de sete em cada dez pessoas (69%) estão seguras nesse ponto (27% totalmente seguras e 42% razoavelmente seguras). Por outro lado, 27% admitem se sentir pouco ou nada seguras quanto a poupança e investimentos.
     
  • Planejar o próprio crescimento financeiro: os percentuais são semelhantes ao item anterior – 68% se consideram seguros (32% totalmente e 36% razoavelmente), e 30% reconhecem baixa ou nenhuma segurança.
     
  • Criar um orçamento, planilha ou usar aplicativos de gestão financeira: 63% sentem-se confiantes na execução dessas tarefas (28% totalmente e 35% razoavelmente), enquanto 30% expressam baixa ou nenhuma confiança.
     
  • Ter uma reserva para compras maiores (casa, veículo, moto):
    Aqui, o grau de autoconfiança diminui um pouco: 63% se sentem confiantes (30% totalmente e 33% razoavelmente), mas cresce para 35% a parcela que diz ter pouca ou nenhuma confiança a respeito.
     
  • Ter uma reserva para emergências de saúde: 63% sentem-se seguros (33% totalmente e 30% razoavelmente), enquanto 33% declaram pouca ou nenhuma segurança na sua própria educação financeira para lidar com esse tipo de situação.

Conversas sobre educação financeira no ambiente familiar são comuns: 54% dos entrevistados afirmam que costumam ou costumavam conversar com filhos/ crianças e adolescentes da casa sobre o tema, sendo que 33% o fazem frequentemente e 21% às vezes.

Poupar e investir é um hábito da maioria quando há sobra 

Seis em cada dez entrevistados (61%) afirmam ter o hábito de poupar ou investir quando possível (30% fazem isso frequentemente e 31% às vezes). Parcela de apenas 10% declara não ter esse hábito; e 29% afirmam espontaneamente não ter condições financeiras de poupar ou investir, mas fariam se pudessem. 

O uso de crédito é uma prática comum entre os brasileiros

Uma maioria de 61% dos entrevistados afirma utilizar frequentemente (34%) ou às vezes (27%) algum meio de acesso a crédito, seja cartão de crédito, empréstimo ou outros. Um quinto raramente recorre a crédito, e 18% dizem nunca utilizar esse tipo de recurso.

Sobre o uso de crédito especificamente para o funcionamento dos negócios, 40% dos entrevistados declaram acessar esse recurso com alguma frequência (18% frequentemente e 22% às vezes). Outros 21% usam meios de crédito raramente, e 32% disseram nunca utilizar.

 Um quarto dos entrevistados afirma já possuir algum financiamento atualmente e 26% afirmam não ter, mas manifestam intenção de buscar. Ao mesmo tempo, 46% não têm e não expressam intenção de contratar esse tipo de serviço.

 Cerca de quatro em cada dez se declaram endividados

39% dos respondentes afirmam estar atualmente endividados. Entre estes, 23% acreditam que terminarão 2025 mais endividados do que estavam no final do ano passado; 28% projetam estabilidade; e 48% esperam reduzir seu nível de endividamento.
 

Com relação à quitação das dívidas, 37% acreditam que conseguirão fazê-lo ainda este ano; 31% estimam conseguir isso apenas no ano que vem; parcela de aproximadamente um quarto (24%) crê que demorará muito para pagar; e um montante de 6% sequer acha que quitará as dívidas.

Comportamento em relação ao sistema bancário 

Cartão de crédito é o produto financeiro mais utilizado pelos brasileiros. A maioria da população utiliza ao menos um produto financeiro, com destaque para o cartão de crédito (66%). 

Em distante segundo lugar, são citados investimentos (20%), seguidos de financiamentos (19%) e crédito consignado (16%). Um quinto (20%) afirma não utilizar nenhum produto financeiro.

 A maioria dos entrevistados (57%) relata que nunca teve problemas e 12% afirmam nunca ter usado esses serviços. Três em cada dez entrevistados (30%) relatam já ter enfrentado alguma dificuldade ao utilizar produtos ou serviços financeiros.

 A avaliação da atuação dos bancos na promoção da educação financeira divide-se entre ótima/boa (36%) e regular (35%). E um quinto (21%) avalia essa atuação como ruim ou péssima. É muito expressiva a atribuição de importância ao papel dos bancos na promoção da educação financeira: 75% consideram muito importante (35%) ou importante (40%).

 Passam da metade (54%) os que afirmam não ter recebido orientação ou educação financeira ao contratar produtos ou serviços bancários. Entre os que receberam, 22% as avaliam como claras e úteis versus 19% que as classificam como pouco úteis.

Interesse e expectativas sobre educação financeira 

Mais da metade da população (52%) expressa interesse em participar de iniciativas de educação financeira e 11% mostram-se abertos a essa possibilidade (“talvez”).

Quando perguntados sobre quais ações poderiam contribuir para melhorar a educação financeira no país, a mais citada refere-se a tornar a disciplina obrigatória nas escolas (70%). Em segundo lugar com 47%, sugerem a oferta de cursos gratuitos. Políticas públicas para prevenir o superendividamento são mencionadas por 31%. Já a referência a campanhas na mídia aparece com 29% e 21% defendem que os bancos expliquem melhor seus produtos.

Golpes e tentativas de golpes

39% dos brasileiros afirmam já ter sido vítimas de algum tipo de golpe ou tentativa de golpe envolvendo sua conta bancária, com oscilação de mais um ponto em relação a março. Este é o maior percentual da série histórica, que tem sido monitorada pelo Observatório Febraban desde setembro de 2021.

Entre as principais modalidades de golpe/tentativas relatadas espontaneamente, destacam-se:

  • Clonagem de cartão ou troca de cartões: representam 45% dos que sofreram golpe em junho de 2025, mantendo-se como o golpe mais citado em toda a série histórica.
  • Golpe do WhatsApp (alguém se passando por conhecido pedindo dinheiro): 34%, ante 28% em março.
  • Golpe da central falsa: 31%, cinco pontos a mais em relação a março (26%).
  • Golpe do Pix falso: 24% em junho, número que interrompe a linha descendente que vinha sendo observada desde o início de 2024.
  • Uso indevido de CPF via SMS: 13%, dois pontos a mais em relação à onda anterior.
  • Golpe de leilão/loja falsa: 10%, dois pontos a mais em relação à onda anterior.

Cerca de sete em cada dez entrevistados (66%) afirmam ter recebido algum material de comunicação de seu banco ou de outra entidade alertando sobre golpes ou tentativas de golpes. (Febraban)