O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou nessa quarta-feira, 24/9, o resultado da mais nova Pesquisa de Inovação Semestral – Pintec Semestral 2024: Tecnologias digitais avançadas, teletrabalho e cibersegurança. Segundo o estudo, realizado em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o percentual de empresas industriais que utilizam inteligência artificial (IA) subiu de 16,9% para 41,9% entre 2022 e 2024. Em meio às tecnologias pesquisadas, há, ainda, espaço para mais avanços.
“Trata-se de um aumento muito significativo, que revela a disseminação de IA no setor produtivo brasileiro”, aponta a analista de produtividade e Inovação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial da ABDI, Simone Uderman. “Especificamente na área de produção, o número de empresas que utilizaram IA passou de 913, em 2022, para 2.217 em 2024”, detalha a analista.
A edição temática da Pintec Semestral 2024 reúne dados referentes a 10.167 empresas das indústrias extrativas e de transformação com 100 ou mais pessoas ocupadas. O estudo aponta que 89,1% das empresas investigadas utilizaram em 2024 pelo menos uma das seis tecnologias digitais avançadas consideradas na pesquisa: além de IA, análise de big data, computação em nuvem, internet das coisas (IoT), manufatura aditiva e robótica.
Embora tenha sido a que mais cresceu, a inteligência artificial não teve a maior taxa de utilização. Dados da pesquisa revelam que a solução mais utilizada foi computação em nuvem, operada por 77,2% das empresas: das 10.167 indústrias, 7.849 fizeram uso dessa tecnologia em pelo menos uma de suas áreas e funções de negócios por meio de serviços pagos ou pré-pagos.
Internet das Coisas (IoT), utilizada por 50,3% das empresas, também supera o uso de IA. Robótica (30,5%); big data (27,8%) e manufatura aditiva (20,3%) fecham a tabela.
Altos custos
Ainda que por vezes tímido, o aumento em todos os indicadores em comparação com os dados de 2022 sugere o crescente entendimento do empresariado sobre as vantagens da transformação digital. “Os maiores benefícios identificados pelas empresas em função do uso das tecnologias são o aumento da eficiência e a maior flexibilidade em processos administrativos, produtivos e organizacionais”, acrescenta Simone.
A adoção das novas soluções, no entanto, permanece fora do alcance de muitas empresas. Embora tenham registrado queda de 2 pontos percentuais (p.p.) em comparação com 2022, as menções aos altos custos das ferramentas tecnológicas indicam que esse fator permanece sendo o que mais dificultou a utilização dessas tecnologias, tendo sido citado por 78,6% das empresas.
A falta de pessoal qualificado foi percebida como dificuldade por 54,2% das empresas, por sua vez, enquanto o indicador Riscos associados à segurança e privacidade passou foi mencionado por 47,2%.
A incapacidade total ou parcial de empresas aderirem a soluções como big data e IoT, seja por motivos financeiros, por falta de profissionais qualificados ou por outros fatores relevantes apontados na pesquisa, reforça a importância de ações de fomento dos setores púbico e privado.
“Os altos custos das soluções tecnológicas ainda são um entrave para a adoção das tecnologias digitais avançadas e isso destaca o grande espaço para a expansão de programas de apoio”, observa Simone.
Ações de incentivo
Ciente do desafio, a ABDI promove uma série de editais e programas que incentivam a adoção de tecnologias digitais em diversos níveis e por empresas de diferentes portes – do e-commerce praticado por micro, pequenas e médias empresas à produção em série realizada no chão de fábrica por grandes indústrias com apoio do MetaIndústria.
Iniciativas como o Agro4.0 e os projetos BIM e Jornada Digital também dialogam com programas do Governo Federal, como o Brasil Mais Produtivo, apoiado pela Agência e igualmente focado no aumento da produtividade e da competitividade de empresas industriais por meio da transformação digital de seus processos.
“Em várias ocasiões o empresário precisa de um estímulo, de uma orientação que desmistifique a crença de que toda nova tecnologia tem custos inalcançáveis. Mas nem sempre é assim, há soluções de menor custo que podem fazer a diferença”, afirma a gerente da Unidade de Transformação Digital da ABDI, Adryelle Pedrosa. “Por vezes, o desconhecimento é a principal barreira e é para enfrentá-lo que elaboramos muitos de nossos programas.”